Nesse contexto, opina Eugênio Aragão, economias fortes como o Brasil, a Rússia, a Índia e a China têm muito a ganhar se elas unirem seus esforços e fizerem uma sinergia comercial para criar um mercado interno.
Como todos os processos da integração são diferentes, cada região exige abordagem especifica.
Por exemplo, lembra o ex-ministro, a União Europeia começou em 1958 com aquela criação das quatro comunidades. Depois houve a unificação dessas comunidades, nas chamadas Comunidades Europeias, depois na Comunidade Europeia e finalmente na União Europeia. Uma integração que foi essencialmente comercial-econômica, o caráter político veio no final.
"Agora, o que é que a gente precisa fazer no Mercosul? É o processo inverso. É construir confiança entre os parceiros para a integração econômica <…> É o contrário. A gente tem que começar com a integração política e a integração econômica vem depois. Nosso processo tem que ser o inverso da União Europeia", explicou Aragão o seu ponto de vista.
Ele acredita que por meio de medidas pequenas, mas que têm um impacto psicológico e político enorme, se pode construir confiança. Por exemplo, na época quando Eugênio Aragão estava trabalhando na cooperação internacional do Ministério Público surgiu a proposta de criar o sistema de matrícula automotiva única do Mercosul: a placa única, para que todo mundo saiba, independentemente do país, que este carro é do Mercosul.
"Essa possibilidade da tríplice nacionalidade, como fato natural para quem é guarani, seria o primeiro passo para integração de uma ideia de nacionalidade no Mercosul. Então, isso acho que é uma ideia muito importante para a gente ir construindo a confiança", assinala Eugênio Aragão.
E da confiança surgirá naturalmente a integração econômica, pois não vai ter mais diferença.
"E me parece com os BRICS, talvez, alguns gestos do Banco de Desenvolvimento dos BRICS são passos importantes para construção de confiança e construção de instituições que depois vão levar naturalmente essa integração à frente porque vão criar agendas comuns", concluiu o ex-ministro da Justiça brasileiro.