"As notícias sobre a criação de uma base militar norte-americana na região que está sob controle das forças de autodefesa curdas causam certa preocupação. E estas informações parecem ainda mais perigosas dado que os EUA se recusaram a cumprir as decisões tomadas na sequência das negociações em Astana", confessou o analista.
Mugisuddin recordou que Washington tem armado os curdos sírios. "Por outras palavras, ele tomou seu lado no conflito sírio", explicou ele à Sputnik Turquia.
O ex-deputado turco apresenta duas possíveis explicações para tal postura: primeiro, os EUA querem obter a possibilidade de travar uma guerra por procuração ("proxy war" em inglês, ou seja, um conflito armado no qual dois países usam as forças de terceiros — os "proxies" — como intermediários, para não entrar em um conflito armado direto) através dos curdos sírios na Síria e no Iraque, já que os aliados dos EUA descartam a hipótese de colocar seus soldados sob controle de comandantes norte-americanos.
Segundo diz o analista, isto permitirá que Tel Aviv utilize as áreas curdas como uma zona tampão perante possíveis ataques iranianos e, além disso, "sempre terão esta ‘carta curta' na manga para fazê-la entrar em jogo caso os árabes decidam atacar".
"Os Estados Unidos devem levar a cabo uma política mais equilibrada no Oriente Médio. Não se pode proteger sempre Israel e criar um Curdistão somente porque Tel Aviv o quer, tendo em conta apenas seus próprios planos e interesses", realçou Mugisuddin.
O especialista observou que isto pode levar a uma remodelação do Oriente Médio em geral, embora os países vizinhos nesta zona não o permitam. Em consequência, a decisão de estabelecer uma base aérea na Síria sob os auspícios dos EUA "não significa um passo em direção à paz, mas em direção à guerra".
De acordo com informações, a criação desta base visa ajudar as Forças Democráticas Sírias que participam das operações de libertação de Raqqa e Deir ez-Zor.
A base albergará quase 1.000 militares norte-americanos, mas tem capacidade máxima para 5.000 soldados. Além disso, os aviões da Força Aérea dos EUA poderão ser usados no território da base.