Os maiores percentuais para esta resposta foram registrados na Itália e na Polônia (65% dos entrevistados) e na Alemanha (63%). Já nos Estados Unidos a maioria dos consultados disse sim, que a Europa tem condições de se defender sozinha. Mas quem é o inimigo dos europeus?
Antônio Gelis, especialista em União Europeia, professor de Estratégia Internacional e Geopolítica da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, pensa que a União Europeia tem, sim, capacidade para prover sua autodefesa, prescindindo do apoio dos Estados Unidos e da OTAN — Organização do Tratado do Atlântico Norte.
"O PIB conjunto dos membros da União Europeia está entre US$ 16 e 17 trilhões, e os gastos militares entre US$ 200 e 250 bilhões, algo em torno de 1,5% desse PIB", considera Antônio Gelis. "Esse valor, se bem utilizado, é suficiente para a defesa da União Europeia."
O Professor Gelis, no entanto, pensa ser pouco provável que se concretize a proposta, debatida há alguns anos, de criação das Forças Armadas Europeias ou, mais simplesmente, de um Exército Europeu:
"A capacidade institucional de tomada de decisão na UE tem se revelado muito baixa. A construção de Forças Armadas realmente europeias, e que não fosse apenas a construção de um ‘combinado militar' franco-germânico com reforços simbólicos de outros países, demandaria um grau de capacidade decisória institucional que não creio existir atualmente em Bruxelas [a sede da União Europeia]."
Sobre a questão de quem representa ou pode representar ameaça militar para os países da Europa, Antônio Gelis comenta:
"O terrorismo é hoje a maior ameaça à segurança da UE. Seu enfrentamento é muito mais uma questão de inteligência estratégica e de habilidade política do que propriamente de recursos militares, convencionais ou não. Diferentemente do que afirmam alguns políticos europeus, não vejo a Rússia como uma ameaça à União Europeia."