Exoesqueleto energizado — eis um invento que, dando novo fôlego a órgãos lesionados do corpo humano, debilitados por doenças e idade avançada, ou simplesmente não resistentes o suficiente às intensas atividades musculares necessárias para certo tipo de trabalhos, pode mudar nossas percepções sobre as capacidades do corpo humano.
'Mão de prata' portuguesa
Há vários dias, os usuários lusófonos das redes sociais ficaram pasmados com um invento novo — a luva inovadora da empresa portuguesa Nuada que o ajuda a carregar até 40 quilos sem se esforçar e permanecendo, de fato, relaxado.
Mas não foi por acaso que tal ideia ocorreu a Filipe Quinaz, iniciador dessa startup — ele sentiu todo o leque de problemas musculares na sua própria pele. Em uma entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o jovem empresário contou:
"Eu praticava jiu-jitsu, praticava e pratico, é um esporte parecido com o judô, e durante um treino eu tive uma lesão no pulso. Houve uma fratura de um osso da mão. Eu fiquei com dores e mesmo depois do osso ter recuperado completamente, eu tive dores durante cerca de um mês. Passado esse mês, eu tive uma atrofia muscular devido à falta de uso da mão. Tive sintomas da falta de força durante os próximos onze meses. Ou seja, eu por mais ou menos um ano tinha a função da mão bastante limitada", conta Filipe, revelando a história que está por trás do invento.
Imaginem, então, quantas dificuldades isto pode trazer na vida cotidiana, especialmente às pessoas com idade avançada, que muitas vezes moram sozinhas, tanto mais que seus ossos são muito mais frágeis e frequentemente fraturados.
Foi assim que, usando seu "background" na engenharia e medicina, Filipe conseguiu "juntar as peças" para resolver seu problema, mas logo se deu de conta que era um problema "muito comum, na população em geral".
Se olharmos para o logotipo da Nuada, se vê que as letrinhas do nome se juntam como em uma luva — uma ideia que deixará encantado qualquer um. Porém, conversando com Filipe, descobrimos que também há uma história linda por trás da criação do próprio nome:
"Na prática, eu acho que tudo começa com a escolha do nome", assinala o empresário.
"Havia um rei celta que era rei dos deuses na mitologia e se chamava Nuada. Era um deus bom e era bom para os humanos. No entanto, em uma batalha, ele acabou por perder a mão, que foi cortada. Deste modo, ele deixou de ser perfeito e, portanto, teve que se abdicar do trono. E foi para lá um tirano que envolveu a humanidade em caos", relata Filipe.
"Contudo, um Deus da Cura acabou por doar uma prótese da mão em prata ao Rei dos Deuses, que voltou ao trono, se tornando perfeito de novo", acrescenta.
Doenças graves deixarão de ser vistas como uma 'sentença'
Na Rússia, as tecnologias de exoesqueletos também estão sendo desenvolvidas a uma velocidade excepcional — e logo poderão mudar todo o conceito da recuperação médica e até dos serviços de segurança.
"O ExoAtlet tem duas versões do produto. Uma delas é destinada à reabilitação de pessoas que sofreram um AVC. Na medicina já é um fato consumado que a eficiência da reabilitação de um doente cuja função locomotora ficou prejudicada exige que o paciente comece tentando recuperar essa função o mais rápido possível após o acidente. O ExoAtlet, portanto, ajuda pessoas a recuperarem quase no dia seguinte ao AVC", assegurou o especialista.
A segunda versão do projeto inovador russo tem a ver com recuperação — ou seja, ajuda pessoas que sofreram um acidente de carro, por exemplo, ou uma forte lesão, a começar se levantando e a permanecer de novo em pé.
"Na cidade de Arkhangelsk houve, por exemplo, um caso: uma pessoa que não podia andar foi se casar usando um ExoAtlet", conta Efimov, adiantando o emocionante que são tais momentos para as pessoas que, em determinada altura, talvez já tenham perdido a esperança.
O especialista adiantou que o aparelho russo é um dos líderes de mercado, sendo que seu preço é cerca de duas vezes inferior ao dos seus análogos estrangeiros: norte-americanos, israelenses e japoneses.
As fotos dos primeiros ensaios clínicos do ExoAtlet russo
E os 'Exterminadores do Futuro', também aparecerão?
"A perspectiva de introduzirmos ‘gadgets' automatizados em nossa vida é, com efeito, muito grande. A procura dos vários assessórios robotizados para o uso doméstico e profissional está crescendo e continuará crescendo", disse à Sputnik Brasil Andrei Iatsun, chefe do laboratório de robótica da Universidade Estatal do Sudoeste da Rússia, em Kursk, outro pioneiro nesta esfera que já está cooperando não só com estabelecimentos de saúde, mas também com o Ministério da Defesa.
O exoesqueleto elaborado no laboratório de robótica da Universidade Estatal do Sudoeste da Rússia, em Kursk
A respeito disso, o exoesqueleto militar é mais uma inovação que, por enquanto, está menos estudada que o seu análogo para fins médicos, porém, quando for aperfeiçoada, ela permitirá mudar todo o conceito de soldado ou de trabalhador dos serviços de emergência.
Tais exoesqueletos, segundo os peritos, exigem mais energia e enfrentam o problema do suprimento energético, mas no final podem aumentar a eficácia da atuação dos respectivos serviços em várias vezes, já que permitem deslocar até várias centenas de quilos quase sem esforço.
"Já fomos contatados por diferentes elementos do Exército, tanto portugueses como de outros países, inclusive dos EUA, sendo que eles têm bastante interesse em nossa tecnologia", revela Filipe Quinaz, autor da luva inovadora Nuada.
Andrei Iatsun do laboratório russo também confessou que sua equipe está em contato permanente com entidades da Defesa, sem revelar, porém, muitos detalhes:
Deste modo, já neste momento se pode dizer com toda a certeza — graças a tais inovações, em um futuro próximo todas as pessoas que perderam capacidade de se movimentar devido a acidentes ou lesões, poderão andar de novo e um vasto leque de deficiências, por exemplo, deixará de ser considerado como incurável, e isto sem falar das perspectivas que esta tecnologia nos traz na área da defesa e segurança.