Ele contou a sua história à Sputnik International.
Hersh Mahmood Khudhur de 36 anos usa cachecol para esconder uma parte do seu rosto. Há três meses, ele estava participando da missão para proteger a cidade de Kirkur do Daesh.
Sem perceber que tinha sido baleado, Hersh Mahmood foi levado ao hospital de campo em Kirkur. No entanto, não havia medicamentos necessários no hospital e o paciente não chegou a receber nem ao menos analgésicos.
"Ouvi o médico dizer para alguém que não viverei. Que se ninguém conseguiu me ajudar lá, ninguém poderá me ajudar em lugar algum. Neste momento percebi que era o fim, percebi que estava morrendo", contesta Khudhur.
Hersh Mahmood conseguiu visto russo em um dia graças à ajuda do cônsul russo em Arbil (capital do Curdistão iraquiano), Viktor Simakov. Khudhur chegou a Moscou, onde se encontrou com o cirurgião plástico encarregado de restaurar a sua parte do rosto danificada.
"É a minha primeira vez na Rússia. Mas me sinto como se estivesse em casa. A cidade é muito bonita. E a missão do Curdistão iraquiano está prestando muito apoio", assegura Hersh Mahmood.
A cirurgia de Khudhur é patrocinada por Lahur Talabani, chefe da inteligência do Curdistão iraquiano, irmão de Aso Talabani. Consulado russo em Arbil e a missão do governo curdo iraquiano têm o acordo informal para prestar assistência médica desde o ano de 2014, quando o Daesh começou a agir no Iraque.
"Aso Talabani, seus irmãos Poland e Lahur, que sempre estão perto dos combatentes no campo de batalha ou no hospital, nos dão muito. Eles dão esperança aos feridos", adiciona Khudhur.
A missão dos combatentes curdos é difícil não apenas em termos de equipamento, mas também em termos ideológicos, explica Hersh Mahmood.
"O armamento que nós temos é muito obsoleto. São Kalashnikov dos tempos soviéticos… Outra dificuldade é que Daesh usa crianças e mulheres como escudo humano. Quando você vê uma criança ou uma mulher saindo, você simplesmente não atira neles", disse Khudhur.
Ao responder à pergunta sobre seu regresso às filas das tropas peshmerga, Khudhur disse sem hesitação:
"Eu vou. Foi isso que eu disse para Aso Talabani desde o início, quando ele ofereceu ajuda. Eu sei que se eu tivesse morrido, meu pai teria enviado outros filhos aos campos de batalha."
Desde 2014, quando se iniciou a guerra contra Daesh, cerca de 1.500 combatentes peshmerga foram mortos e cerca de 9.000 ficaram feridos, de acordo com dados das autoridades curdas divulgados em junho de 2016.