Através de sua análise, os pesquisadores procuraram discernir se a polícia julgava implicitamente que certos grupos étnicos eram mais ameaçadores. Os resultados mostraram que metade das vítimas de homicídio policial eram negras e foram mortas por oficiais brancos. Ao mesmo tempo, havia mais vítimas negras desarmadas do que brancas.
"Se você puder aceitar essa suposição, mostraremos que a raça do cidadão é preditiva dessas falhas de percepção de ameaça. O que concluímos foi que há evidências de uma análise enviesada e, presumivelmente, implicações implícitas a isso", acrescentou Nix.
O professor explica que o tiro vindo de um policial a uma pessoa desarmada provavelmente não ocorrerá por um racismo explicito e consciente, mas sim a um erro de cálculo de ameaça, aumentado pelo viés racial latente.
De acordo com o estudo, "resultados mostraram que civis de outros grupos minoritários tinham signficativamente mais chances de não terem atacado o policial durante a abordagem, em comparação com brancos".
O professor de política pública na Universidade de Berkeley, Jack Glaser analisou o documento. Para ele, o resulado indica que, em situações muito ameaçadoras, o racismo velado pode influenciar o policial. "Eles estão aterrorizados e são relativamente mais influenciados por processos espontâneos".
O estudo, publicado no Diário de Criminologia e Política Pública, considera apenas tiroteios fatais.
"Os números usados na pesquisa, obtidos a partir de um banco de dados do Washington Post, encolhem se limitados às vítimas desarmadas apenas. Apenas 93 vítimas de tiroteios policiais em 2015 estavam desarmadas. A grande maioria das vítimas de tiroteios da polícia possuíam algum tipo de arma", reconhece Nix.
Depois de uma série de homicídios policiais a afro-americanos, o presidente Barack Obama convocou uma Força-Tarefa sobre Policiamento do Século XXI, que recomendou políticas, supervisão, treinamento, educação e envolvimento comunitário como formas de ajudar a população que estes policiais juraram proteger.