Exigindo reajuste salarial e melhores condições de trabalho, familiares dos policiais (que não estão autorizados a fazer greve) bloqueiam há dias as saídas dos batalhões, impedindo que eles trabalhem. Com a ausência dos agentes nas ruas, o número de saques, assaltos e mortes aumentou rapidamente, forçando o governo a pedir ajuda do Exército e da Força Nacional para conter a violência. De acordo com o decreto publicado hoje no Diário Oficial, a Força-Tarefa Conjunta, comandada pelo general de brigada Adilson Carlos Katibe, ficará responsável pela situação até o próximo dia 16.
Força Nacional nas ruas. Eles vão para terminais de ônibus e centros comerciais. Mais homens chegando ao Estado para garantir a segurança! pic.twitter.com/SCeFVgxnq1
— GovernoES (@GovernoES) 7 de fevereiro de 2017
Na manhã desta quarta-feira (08), o governador licenciado do Espírito Santo, Paulo Hartung, criticou duramente a postura da Polícia Militar, afirmando que a greve da categoria é ilegal e inconstitucional.
"É uma chantagem o que está acontecendo no Espírito Santo. E se nós, capixabas e brasileiros, não enfrentarmos de frente, hoje isso acontece aqui no estado e, amanhã, no restante do Brasil. Isso é chantagem aberta", disse Hartung em coletiva de imprensa na Residência Oficial do Governo (Resof).
Em protesto pela morte de um colega e também em apoio ao movimento dos PMs, policiais civis do Espírito Santo decidiram paralisar suas atividades no início desta tarde, prometendo retomar os trabalhos à meia-noite. A mobilização, organizada pelo Sindicato dos Policiais Civis (Sindipol), não configura estado de greve, conforme esclareceu o próprio órgão por meio de nota.
"O Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo (Sindipol/ES) esclarece que os profissionais da Polícia Civil NÃO estão em GREVE. Nesta quarta-feira (08), houve uma mobilização entre os policiais civis pela morte do investigador Mario Marcelo de Albuquerque, o Marcelinho, assassinado ao tentar conter um assalto em Colatina, noroeste do estado. Os policiais se reuniram na Chefatura de Polícia e saíram em carreata até o Quartel da Polícia Militar, declarando apoio ao movimento dos familiares e amigos dos PMs", diz o documento.
Amanhã, às 13h, o Sindipol deverá realizar uma assembleia para decidir o que fazer sobre a situação no estado.
"O Sindipol/ES entende as consequências da paralisação dos policiais militares, mas pede à sociedade que cobre o Governador Paulo Hartung pelos anos de desvalorização e pela falta de investimentos na Polícia Civil e Polícia Militar do Espírito Santo".