Os geoglifos são grandes formas geométricas desenhadas no chão, em forma de círculos, quadrados e octógonos, de tamanhos variados, entre 113 e 200 metros de largura e entre 30 centímetros e 4,5 metros de profundidade. No total, somente no Acre já foram registradas cerca de 450 dessas estruturas, numa área de quase 13 mil quilômetros quadrados.
Artigo publicado na mídia europeia nesta semana mostra que o desmatamento da Amazônia tem revelado geoglifos até então desconhecidos e suscitado a rediscussão de um tema que há quase 5 décadas vem despertando o interesse de cientistas e de leigos.
O paleontólogo Alceu Ranzi, que cunhou o termo geoglifo, traduzido por "desenho na terra", e o arqueólogo Ondemar Dias, presidente do IAB (Instituto de Arqueologia Brasileira), sustentam que o estudo de sítios arqueológicos na Região Amazônica poderá revelar o passado dos habitantes da América do Sul, antes mesmo da chegada ao continente dos colonizadores europeus.
Alceu Ranzi vai além, afirmando a existência de estudos que comprovam a presença de tribos indígenas instaladas na Região Amazônica brasileira pelo menos 500 anos antes da chegada dos colonizadores portugueses ao país, e que seriam esses índios os autores dos geoglifos. As pesquisas arqueológicas indicam que tais desenhos na terra podem estar datados de um grande período compreendido entre os séculos I e XIII.
Mas não faltam também especulações de que estes geoglifos poderiam ter sido feitos por alienígenas ou ETs (seres extraterrestres). Tudo isso, porém, tem sido motivo de ampla controvérsia em boa parte do mundo.
O Professor Ondemar Dias, presidente do IAB – Instituto Arqueológico Brasileiro, em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, explica o fenômeno e diz que inúmeros estudos foram prejudicados pela degradação das áreas pesquisadas provocada por ações humanas. Mas aqueles geoglifos seriam sinais de uma antiga civilização?
"O importante é tentarmos entender para que eles [os índios] faziam aqueles sinais", comenta o arqueólogo. "Geralmente, eles [os geoglifos] estão em áreas muito degradadas pelo próprio homem. Aquele região toda ali do Abunã, Campos do Capatará, é uma região que os biólogos dizem que está totalmente destruída por ação humana. E, se foi ação humana, implica em muito tempo de exploração. Sem dúvida as populações indígenas são numerosas e estão ali há muito tempo, mas não chegaram a constituir uma civilização, porque civilização implica uma série de categorias sociais mais complexas. Isso em toda a América, não só no Brasil, em todo o mundo, praticamente."