As informações foram prestadas na manhã desta terça-feira pelo Ministro da Defesa, Raul Jungmann, no Comando Militar do Leste, no centro do Rio de Janeiro. Segundo o Ministro, os militares iniciaram sua atuação nesta mesma terça-feira e estão assim distribuídos: os oito mil militares do Exército ocuparão toda a Transolímpica, no entorno de Deodoro e alguns pontos da Avenida Brasil, além de áreas de Niterói e de São Gonçalo. Já os mil integrantes da Marinha estão encarregados de patrulhar toda a via ao longo do Cais do Porto, os arredores do Aeroporto Santos Dumont, além de toda orla da Zona Sul, a partir da Marina da Glória, e incluindo Aterro do Flamengo, Lagoa Rodrigo de Freitas, Copacabana Ipanema e Leblon. As Forças Armadas não entrarão em favelas e outras comunidades do Rio.
⚡ Forças Armadas atuarão com 9 mil homens no RJ, diz ministro @Raul_Jungmann #GLORJ @GovRJ @JusticaGovBR pic.twitter.com/NoAiNPyP1F
— Ministério da Defesa (@DefesaGovBr) 14 de fevereiro de 2017
Para o antropólogo Paulo Storani, ex-instrutor do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro), Professor de Ciências Policiais na Faculdade Cândido Mendes e um dos mais respeitados nomes em Segurança Pública, à primeira vista, a entrada em cena dos militares nesta questão pode ser uma medida de tranquilização para a população do Rio de Janeiro e outros municípios da Região Metropolitana. Storani porém pondera que a questão precisa ser abordada sob ângulos mais precisos:
"Não basta só estar fardado e armado nas ruas. Embora tenha um papel fundamental, a presença fardada – quer seja de policial militar ou de militar das Forças Armadas – tem de ser melhor entendida. A natureza da função das Forças Armadas não é atuar em Segurança Pública, da forma como nós a entendemos. Elas podem atuar episodicamente numa situação como essa (solicitação do governo do Estado ao governo federal) mas, efetivamente, os militares não foram preparados para isso."
Ainda de acordo com o Ministro Raul Jungmann, na quarta-feira, 22, haverá uma reunião de avaliação sobre a primeira semana de atuação das Forças Armadas na Segurança Pública do Rio de Janeiro. Esta atuação poderá se estender a todo período de Carnaval (até o dia 28) e, inclusive, entrar pelo mês de março, de acordo com o que for acordado entre as autoridades estaduais e federais.
Nas redes sociais, muitas pessoas, incluindo políticos e outras figuras públicas, se manifestaram sobre a utilização de tropas das Forças Armadas no Rio, demonstrando, em geral, certa preocupação com essa essa medida.
Voltou a censura, questiona-se direito à greve, forças armadas no RJ
— Paulo Coelho (@paulocoelho) 13 de fevereiro de 2017
Já sei: tudo é culpa da Dilma... https://t.co/e255ZFsKq9
Para o vereador Renato Cinco, do PSOL, o emprego do Exército nas ruas não deveria fazer sentido, uma vez que, como afirma a PM, os policiais seguem realizando o seu trabalho normalmente, apesar dos protestos de familiares.
Para outros, o tempo inicial de permanência dos soldados no estado pode ser visto como demagogia das forças políticas e até como uma forma de chantagem do governo federal sobre o estadual.
Uma semana de Exército? Veja até onde chegou a chantagem e a demagogia - https://t.co/UlDUOmNSwp pic.twitter.com/teOC7wzaY1
— Tijolaço (@tijolaco) 14 de fevereiro de 2017
Alguns internautas não hesitaram em comparar a situação atual no território fluminense àquela vivida pela população pouco antes do Golpe de 1964, quando as ruas foram de fato tomadas pelos militares e a democracia foi substituída pela ditadura dos generais.
Temer manda o exército patrulhar o Rio de Janeiro para garantir a ordem. Verãozão chegando, sensação de 64 na sombra.
— Marcelo Valença (@miurrause) 13 de fevereiro de 2017