Já há muito tempo que Trump se preocupa com este assunto: ainda durante a campanha eleitoral Trump falou sobre os planos de lançar um programa de grande escala de construção naval nos EUA e aumentar a Marinha norte-americana de 272 para 350 navios.
Nas últimas semanas foram tornados públicos pelo menos três grandes relatórios sobre a criação da futura frota dos EUA.
Para que é necessário e quem é o culpado?
Ronald O'Rourke fala abertamente das razões que exigem o aumento do número de navios. As duas razões principais são a China, que está modernizando a sua Marinha, e a Rússia, que intensifica a sua atividade no mar Mediterrâneo e no norte do oceano Atlântico.
O especialista também nota que não se trata de um aumento realmente significativo do número de navios, pois tais planos já existiam no relatório de 1993.
A Rússia e China, na opinião de autores deste último relatório, estão dispostas a desafiar a ordem mundial existente e dentro de 15 anos serão elas — não o terrorismo internacional — que se tornarão a principal dor de cabeça para os estrategistas militares dos EUA.
Ao mesmo tempo, a Marinha da Rússia ainda não é capaz de efetuar operações militares distantes nos oceanos, mas a frota russa é equipada com mísseis de cruzeiro, está construindo novos submarinos silenciosos, submarinos nucleares com mísseis balísticos e está também desenvolvendo drones.
A China representa ameaça primeiramente por causa dos seus mísseis antinavio, sistema de vigilância de satélites e rede de radares costeiros. Além disso, a Rússia e a China vendem tecnologias navais a tais países como o Irã e a Coreia do Norte, o que é considerado uma ameaça para os interesses nacionais dos EUA.
Existe ainda um fator interno. O orçamento é limitado e só aumentar as despesas não é suficiente para "comprar o futuro".
Rapidamente e por conta própria
Hoje a Marinha dos EUA deve ser tão ameaçadora que leve os outros países a nem sequer pensarem em conduzir operações militares, de contrário o inimigo conseguirá entrincheirar-se nos territórios ocupados e será difícil retirá-lo de lá.
O relatório destaca que os EUA devem ter uma Marinha que seja capaz de efetuar ofensivas rápidas nos anos 2030.
Outro assunto importante é a capacidade de realizar operações navais de forma independente, sem a participação da OTAN, pois a Aliança Atlântica precisará de muito tempo para dar uma resposta militar, devendo a Marinha norte-americana estar pronta a interferir de forma rápida, especialmente porque as capacidades militares dos aliados também deixam muito a desejar.
Entretanto, existe a possibilidade de os adversários poderem influenciar os aliados dos EUA ou países neutros e estes deixem de estar dispostos a aceitar a presença de tropas terrestres ou Força Aérea estadunidenses. Desta forma, é provável que a Marinha seja o único móvel e autônomo de projeção da força dos EUA.
Distribuição não-pilotada
Devido ao avanço tecnológico, não vale a pena diminuir a importância dos drones e meios de comunicação. Assim, os canais de conexão serão vulneráveis em uma guerra futura, por isso é provável que as decisões sejam tomadas independentemente em regime autônomo, ou seja, sem conexão à sede.
O relatório de McCain pronuncia-se pela criação de uma frota "distribuída" altamente tecnológica, onde o poder ofensivo não esteja concentrado só nos porta-aviões mas seja distribuído por todos os tipos de navios no teatro de operações militares. É evidente que essa ideia exige um alto nível da autonomia da Marinha.
Usinas e dinheiro
O Centro para Avaliação Estratégica e Orçamentária propõe aumentar o número de navios para 382 e pôr em serviço 40 submarinos superpesados e 40 drones submarinos. A construção de tal frota custará cerca de 23,6 bilhões de dólares por ano (20 por cento mais do que as despesas planejadas) e as despesas operacionais serão cerca de 16,5 bilhões de dólares.
Ronald O'Rourke opina que a atual base industrial permitirá construir mais navios e submarinos, ou seja, não há necessidade imediata de construir novas usinas e desenvolver novos modelos de embarcações.
Resumindo, a questão financeira na modernização e aumento da frota não é a principal da agenda. O tema principal de discussão é o ritmo de realização do programa (considerando as capacidades crescentes das frotas da Rússia e da China) e a escolha da "arquitetura" da futura Marinha dos EUA (nas condições de autonomia da Marinha e de existência de aliados não muito confiáveis).