Não é preciso se iludir: libertação de Mossul 'levará muito mais que alguns meses'

© REUTERS / Stringer Tanque do exército iraquiano nos arredores de Mossul
Tanque do exército iraquiano nos arredores de Mossul - Sputnik Brasil
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A complexidade da guerra urbana e o nível de preparação do Daesh para lutar pelo seu maior baluarte iraquiano, Mossul, indica que a operação visando a libertação dos seus bairros ocidentais levará muito tempo, afirma o doutor Theodore Karasik, conselheiro principal do centro de analise geopolítica Gulf State Analytics.

"A guerra urbana é um dos tipos mais complicados de guerra para ser travada simplesmente devido à complexidade do ambiente urbano. Ele não é apenas vertical, mas também horizontal. Em Mossul, os bairros mais antigos tendem a ser muito difíceis em termos de condução de operações urbanas por causa das ruas estreitas e também pela configuração desta parte da cidade", explicou.

"É um fato que esta parte da operação de libertação destes mesmos bairros de Mossul levará mais que alguns meses por causa da preparação e da profundidade de retaliação por parte do Daesh", continuou.

Karasik adiantou que as forças de segurança iraquianas serão obrigadas a avançar em grupos pequenos, por áreas estreitas, descrevendo o que se seguirá como uma "batalha quarteirão a quarteirão".

A fase mais recente da operação de larga escala encabeçada por Bagdá foi revelada no domingo passado (19), sendo que as autoridades iraquianas lançaram esta operação de libertação já há alguns meses. A despeito do otimismo ardente após as primeiras atividades bem sucedidas, a campanha se desacelerou depois que as forças de segurança do Iraque, os milicianos curdos e as Unidades de Mobilização Popular tinham atingido a cidade própria.

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No futuro, a operação que tem por objetivo libertar a parte ocidental de Mossul será obstaculizada pelo fato do Daesh ter tido ao menos 2 anos para se preparar a esta batalha.

Karasik propôs que as campanhas internacionais talvez ajudassem a libertar Mossul, a segunda maior cidade iraquiana, bem como a cidade síria de Raqqa, capital do califado jihadista, mas isto não necessariamente vai significar a morte deste grupo violento ou a da sua ideologia.

"Eu penso que já estamos vendo o Daesh se dirigindo para Raqqa e se preparando para a batalha final de Raqqa. Isto em teoria vai fechar um capítulo sobre [o Daesh] e seu primeiro califado no Levante [Levante é um termo geográfico impreciso que se refere, historicamente, a uma grande área do Oriente Médio]", assinalou.

"Há especulações que daqui a cinco ou dez anos [o Daesh e a Al-Qaeda] estarão poderão se juntar. O extremismo sunita nunca para de se desenvolver. Eu acho que nós temos que ter isso em consideração [quando discutimos] aquilo que se passará com o Daesh no futuro. Isto é, com efeito, uma doença aerotransportada que já penetrou em na maior parte do mundo", resumiu o acadêmico.

O analista também frisou: logo que Mossul seja libertada, Bagdá deve se focar em lidar com aquilo que impulsionou a violência sectária.

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"Os EUA devem pressionar o Iraque para que conduza reformas em si próprio e em seu sistema devido à forma como o Estado do Iraque se desenvolveu após a ocupação americana. É claro que os próprios iraquianos sabem que precisam de mudar, serem mais inclusivos, etc., mas há muitas forças diferentes em jogo que puxarão o Iraque em várias direções", observou Theodore Karasik.

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