O projeto de lei, contudo, toca não somente na ecologia, mas também nas relações internacionais. Uma parte da baía de Kaliningrado contém águas territoriais russas, e Moscou, naturalmente, não quer sofrer prejuízos.
Em entrevista à Sputnik Polônia, Feliks Andreev, ex-deputado da Assembleia legislativa da região de Kaliningado (esta região russa fica na região geográfica que seria influenciada pela construção do canal), descreveu duas variantes da realização do projeto.
A primeira sugestão é a construção de um canal de 20 metros de largura e um mínimo de 5 metros de profundidade, destinado para passagem de navios. Neste caso, que não prevê instalação de barreiras e separadores, a parte interior da baía corre o perigo de contaminação e de extinção de quase toda a sua fauna. A razão é essa: a baía, separada do mar por uma restinga prolongada, é composta por água doce.
"A chegada de mais águas salgadas do mar Báltico irá quase igualar a salubridade da baía à do mar. Desta maneira, toda a fauna de água doce irá desaparecer. A criação de um novo canal realizado na forma de uma passagem aberta através da restinga acarreta consequências muito perigosas para o ecossistema, ou seja, as riquezas essenciais da baía são as que podem sofrer com isso: o fitoplâncton de água doce, o zooplâncton e, principalmente, os peixes, que são algo muito importante para a população local", diz Andreev, outro ecólogo reconhecido.
A construção deverá ser concordada com a parte russa, por se tratar de um objeto marítimo transfronteiriço. No entanto, até o momento, o projeto não conseguiu o apoio da União Europeia. Ainda no ano passado, a UE desistiu de conceder verbas para a realização deste projeto após uma queixa da representante oficial do escritório polonês da Fundação Mundial da Natureza Selvagem (WWF), Marta Kalinowska, que frisou que o projeto irá "ter influência negativa na possibilidade de atingir as diretivas ecológicas essenciais da União Europeia".