Em 28 de fevereiro, o Ministério da Defesa israelense apelou a Riad e aos outros países sunitas para instituírem uma aliança defensiva na região.
Segundo o titular da pasta israelense, "os países sunitas se dão conta de que a ameaça maior não provém de Israel e do sionismo, mas do Irã". Tal eventual aliança poderia integrar tanto muçulmanos como judeus e cristãos.
Na opinião de Lieberman, Israel poderia ajudar os países árabes com tecnologias militares e modernização dos seus exércitos.
"Para sobreviver, os países árabes moderados necessitam de Israel mais do que Israel necessita deles", indicou.
Mijail Feiguin, porta-voz do ministro da Defesa israelense, comentou ao Vzglyad que o mundo árabe entende que o Irã continua sendo o inimigo principal de todas as forças moderadas da região. Segundo disse o representante, existe a possibilidade de criar uma coalizão contra Teerã. Entretanto, por enquanto é difícil dizer que países poderiam integrar o bloco.
Segundo o especialista em problemas do Oriente Médio Konstantin Dudarev, a Arábia Saudita "se encontra em uma situação muito delicada frente à proposta de Israel". Ademais, indicou, embora "os interesses de Riad e Tel Aviv coincidam", ambos os países "continuam em condições de hostilidade".
"Uma aliança entre a Arábia Saudita e Israel seria encarada de forma muito negativa no mundo árabe. Seria melhor se a proposta viesse dos EUA", apontou Dudarev, frisando que "é pouco provável que Riad entre em uma aliança com Israel devido à possibilidade de perder seu papel do líder de todo o mundo muçulmano".
Além disso, o chanceler saudita Adel al Jubeir se recusou a comentar a proposta israelense, destaca o Vzglyad.
A ideia de criar "uma OTAN árabe" não é nova para os países do Oriente Médio. Assim, em março de 2015 os chanceleres dos países-membros da Liga de Estados Árabes aprovaram uma resolução sobre um "Exército árabe comum" com a participação dos países do Golfo Pérsico, Egito e Jordânia. No entanto, a iniciativa nunca chegou a ser realizada na prática.
Porém, algumas mídias americanas divulgaram a informação de que a administração de Donald Trump tinha começado negociações com os seus parceiros árabes sobre a instituição de uma aliança militar contra Teerã, no âmbito da qual Washington e Tel Aviv poderiam trocar os dados recolhidos por seus serviços secretos.
Outros especialistas não descartam a possibilidade de uma aliança temporária entre o Reino saudita e o Estado judeu, afirma o jornal russo. Por exemplo, segundo o cientista político Tofik Abbasov, "houve notícias de que tinham sido conduzidas negociações a portas fechadas entre as agências de inteligência dos países do Golfo e de Israel".
"Os países do Golfo têm cada vez mais medo do Irã. Apesar de não serem tão ricos, os iranianos dispõem de um exército mais eficiente e de maior capacidade de manobra no palco diplomático", sublinhou.
Entretanto, a ideia está longe de se tornar uma realidade, resumiu Abbasov. Caso o possível bloco tenha mais de dois membros, ele se converterá em uma plataforma para contradições internas entre as elites da região e não demorará a se desintegrar.
A Rússia, por sua vez, estaria contra a possível formação de uma "OTAN árabe" devido ao seu enfoque comum em cooperação e seus laços estreitos com Teerã.
"Se uma aliança militar na região for criada, a Rússia será obrigada a recorrer a todas as alavancas diplomáticas para prevenir confrontos armados abertos", concluiu.