Na mira do Procurador-Geral Rodrigo Janot também estão o ex-chanceler de Michel Temer, José Serra, e o ex-candidato à Presidência da República, Senador Aécio Neves (PSDB-MG), derrotado por Dilma Rousseff em 2014, além da própria Dilma e do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Todos estes processos e pedidos de abertura de inquéritos e procedimentos investigativos decorrem das quase 40 fases da Operação Lava Jato, deflagrada em 2014 e a esta altura sem prazo para terminar. O próprio Juiz Sérgio Moro, titular da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, no Paraná, condutor da Lava Jato, gostaria de tê-la concluído em 2015, mas em 2016 ela ganhou uma prorrogação, e agora, com o aumento crescente do número de delações premiadas, o objetivo de concluí-la em 2017 parece cada vez mais distante. Só de executivos e ex-executivos do Grupo Odebrecht são 77 termos de colaboração (denominação jurídica da delação premiada) para serem analisadas pelo Poder Judiciário.
Para o historiador e cientista político Antônio Marcelo Jackson, professor do Departamento de Educação e Tecnologias da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), a questão não é saber para onde vai a Operação Lava Jato, mas até que ponto ela poderá chegar:
"Se tivéssemos instituições sérias e robustas, como vários países têm, eu ficaria muito feliz com os rumos da Operação Lava Jato", afirma Jackson. "Agora, eu fico muito preocupado com o que poderá acontecer no Brasil e com as nossas instituições. Isto porque os atores que as fazem se movimentar são muito fracos, e infelizmente a nossa sociedade, por meio do voto, contribui para isso."
Projetando-se o futuro, o que poderá acontecer no Brasil e ao Brasil diante do aprofundamento da Operação Lava Jato? O que poderá acontecer com a democracia brasileira à medida que fatos escusos da política vão se tornando cada vez mais públicos e, portanto, de amplo conhecimento da sociedade?
Para Antônio Marcelo Jackson, as expectativas são preocupantes:
"Vamos pensar e levar a sério todas as denúncias que vêm sendo feitas. Vamos imaginar que todas as denúncias sejam comprovadas e essas pessoas [acusadas] sejam impedidas de se candidatar. Não estou me referindo a partidos políticos, mas, sim, a nomes, pessoas. Sobrariam dessa lista algumas pessoas da extrema direita, pessoas fascistas, como aconteceu na Itália, algumas destas pessoas namorando muito seriamente o neonazismo. Enfim, é para estas pessoas que vai a nossa república democrática."