Os delegados representados são Maurício Moscardi Grillo e Igor Romário de Paula. Em janeiro deste ano, Grillo concedeu entrevista afirmando que a Polícia Federal havia perdido o "timing" (tempo ou senso de oportunidade) para prender o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dias depois, Igor Romário de Paula rebateu as críticas do colega, afirmando que as investigações contra o ex-presidente continuam em curso.
Para o Deputado Paulo Pimenta, "os delegados agiram contra o decoro e a ética no Serviço Público, extrapolando suas funções como agentes públicos". Falando à Sputnik Brasil, o parlamentar gaúcho acentua:
"Este tema é da maior relevância para nós. Os procedimentos dos dois delegados estão em total desacordo com o que prevê a legislação brasileira. Trata-se de conduta incompatível com as suas funções de servidores públicos. Foi por conta de episódios como esses que o Presidente Lula encaminhou uma representação à Comissão de Direitos Humanos da ONU, denunciando o Juiz Sérgio Moro e procuradores do Ministério Público Federal de Curitiba, a omissão do Supremo Tribunal Federal, etc. E esse episódio não é novo. Os delegados agiam assim desde a época da campanha presidencial de 2014, adotando atitudes incompatíveis com suas atribuições. Eles eram notórios militantes da campanha do Senador Aécio Neves (PSDB-MG) contra a Presidente Dilma Rousseff (PT-RS). Adotaram, enfim, atitudes incompatíveis com as disposições do Estatuto do Servidor Público."
O Deputado Paulo Pimenta diz ainda que os delegados tornaram públicas informações sigilosas, divulgaram depoimentos de testemunhas e emitiram considerações que não lhes competiam.
O parlamentar também revelou que o conjunto de atitudes dos dois delegados não deixa dúvida de que, de alguma forma, estariam concorrendo para inviabilizar uma possível candidatura de Lula à Presidência da República em 2018, e por isso os parlamentares desejam igualmente que o então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes (futuro ministro do Supremo Tribunal Federal), seja da mesma forma responsabilizado pelos atos dos dois delegados, que na época eram seus subordinados, já que a Polícia Federal responde hierarquicamente ao Ministério da Justiça:
A Comissão de Ética da Presidência da República encaminhou à Comissão de Ética do Ministério da Justiça a representação dos parlamentares do PT e aguarda a sua manifestação.