De acordo com João, o convite para conhecer Yaroslavl partiu do fã-clube do time russo, que já estava em contato há bastante tempo com o clube carioca, para o qual chegou a fornecer um jogo de uniformes no ano passado. Ao todo, entre o final de fevereiro e o início de março, os atletas brasileiros passaram dez dias na Rússia, sendo três em Moscou e sete em Yaroslavl, onde enfrentaram e derrotaram três equipes locais.
"Voltamos invictos da Rússia", comemorou Reis. "Foram três equipes. Não são profissionais, são equipes de ligas amadoras de lá. Mas foi uma grande surpresa, porque são equipes que treinam duas ou três vezes por semana no gelo, enquanto a gente, aqui, não tem oportunidade de treinar no gelo", afirmou, explicando que foram duas vitórias nos pênaltis e uma por diferença de um gol.
A presença dos meninos do Rio nessa cidade do Anel de Ouro da Rússia foi uma grande sensação entre os moradores da região, que, segundo testemunhas, fizeram o possível para que eles se sentissem em casa.
Igor Bobkov, dono do hostel Kislorod (Oxigênio), onde os brasileiros ficaram, disse à Sputnik que a chegada dos atletas do Rio à Rússia foi amplamente divulgada, uma vez que os habitantes locais conhecem e têm grande carinho pelo Lokomotiv carioca.
"Cada referência, cada informação ligada à tragédia foi, na altura, recebida com comoção e grande interesse. E, por isso, assim, talvez por acaso, a sua gravação [o Lokomotiv Rio gravou um vídeo em homenagem ao Lokomotiv Yaroslavl] e o seu nome, Lokomotiv, fizeram com que os habitantes de Yaroslavl se apaixonassem pela equipe", declarou Bobkov, lembrando do trágico acidente aéreo de 7 de dezembro de 2011, que vitimou a delegação do time russo quando esse viajava para Minsk, na Bielorrússia, onde jogaria a partida de abertura da temporada.
De acordo com o proprietário do Kislorod, o Lokomotiv Rio tinha três objetivos na Rússia: prestar homenagem ao Lokomotiv Yaroslavl, encontrar amigos e jogar em uma arena de gelo de verdade. Para ele, todos os objetivos foram cumpridos.
Fazendo coro às palavras de Bobkov, João Reis descreveu a recepção que eles tiveram em território russo como algo impressionante, principalmente quando comparada a outras viagens realizadas pela equipe.
"A recepção que a gente teve foi muito boa, foi extremamente calorosa. Todo mundo foi muito legal com a gente. Queriam levar a gente para fazer passeios, queriam conhecer um pouco mais da nossa história… Já tive a oportunidade de viajar para outros lugares para jogar hóquei. Essa foi, sem dúvida, a viagem na qual nós fomos mais bem recebidos", destacou, acrescentando que, na maior parte do tempo, eles conseguiram se comunicar com a população sem a ajuda de um intérprete. Em outros momentos, os jogadores brasileiros tiveram a companhia de um fã "extremamente dedicado", um russo que fala português e ajudou a traduzir.