Já foram realizadas 38 etapas da Lava Jato, com 756 buscas e apreensões, além de dez acordos de leniência, 155 acordo de delação premiada fechados e 183 pedidos de cooperação internacional. Estão presas 23 pessoas e outras 24 deixaram a cadeia, mas seguem monitoradas por tornozeleiras eletrônicas. Os prejuízos da Petrobras já ultrapassam R$ 42 bilhões.
O procurador e Coordenador da Força-Tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol falou sobre a importância de continuar com as reformas além da operação, destacando ainda uma ampliação da cooperação internacional na coleta de provas e recuperação de valores. Desde a 1ª fase da Lava Jato, o Ministério Público Federal já recuperou R$ 10,1 bilhões em multas, indenizações e bens no exterior.
Para Dallagnol, a Lava Jato significa o rompimento da impunidade dos círculos de poder no Brasil e ela traz um diagnóstico de uma corrupção que é enraizada historicamente e cujos tentáculos abraçaram diversos órgãos públicos. A grande questão colocada pelo procurador é o que será daqui para frente se a Lava-Jato apenas tirou o país um pouco dos trilhos em termos de redução de índices de corrupção e impunidade e voltará ao caminho tradicional, ou se o Brasil vai seguir rumo a novos trilhos rumo de um país efetivamente menos corrupto.
"As mudanças dependem de irmos para além da Lava-Jato. Nos últimos três anos, percebemos que as duas mudanças mais significativas no tocante a mudança das condições brasileiras que favorecem a corrupção foram promovidas pelo Poder Judiciário. A primeira delas foi o fim do financiamento empresarial de campanhas e a segunda grande mudança foi a possibilidade de execução da condenação de modo provisório a partir do julgamento de segunda instância. Quando que nós precisamos são mudanças mais profundas, estruturais que partam do parlamento brasileiro."
Já o procurador da República, Paulo Roberto Galvão, que também integra a Força-Tarefa da Lava Jato, explicou que na nova fase da ação o foco está para os atos de corrupção realizados fora do governo e principalmente fora do país, através de empresas brasileiras que atuam no exterior. Só no caso da Odebrecht, estão sendo investigados atos de corrupção em 22 país.
Paulo Roberto Galvão ressaltou que a parceria jurídica internacional tem permitido reunir provas essenciais que desencadearam em várias acusações e condenações, enfatizando que muitos dos acordos de delação premiada aconteceram por conta dessas provas recolhidas em investigações feitas em outros países.
"Fala-se muito que as colaborações premiadas e os acordos de leniências são um dos pilares fundamentais da Lava Jato e isso é verdade. Mas para alcançar esses acordos, a Operação precisou se valer antes disso de provas muito fortes da participação de diversas pessoas, e empresas no caso Lava Jato. Essas provas surgiram de contatos feitos pelo Ministério Público Federal, por autoridades brasileiras, com autoridades estrangeiras. Na verdade podemos dizer que a cooperação internacional é antes mesmo das delações premiadas um dos grandes pilares da operação Lava Jato."
O procurador Carlos Lima também falou na coletiva sobre os três anos da Lava-Jato da importância de se ficar atento, pois a qualquer momento uma alteração no Legislativo, na Lei de anistia de Caixa 2, pode derrubar a investigação. Segundo Carlos Lima, "uma noite no Congresso basta para a Operação cair por terra." Para a Força-Tarefa da Lava Jato não existe uma tentativa de anistia ao Caixa 2, mas sim uma anistia para o crime de corrupção.