Assim, a "bolsa" militar dos EUA será, segundo várias estimativas, de 570 a 640 bilhões de dólares. Os representantes do Partido Republicano insistem na soma de 640 bilhões, mas o número exato apenas se tornará público em maio, quando o projeto de orçamento for definitivamente aprovado. No entanto, já o fato de haver um aumento tão grande de despesas militares permite fazer algumas previsões.
A que fim poderá ser destinado este dinheiro? Um dinheiro equiparável a todo o orçamento militar da Rússia? E como se vão desenvolver as Forças Armadas dos EUA nos próximos anos?
Política de contenção
Desde o início da sua campanha eleitoral, Donald Trump declarou abertamente que o principal rival geopolítico dos EUA é a China. Ao se tornar presidente, ele passou das palavras às ações. A partir do início deste ano, a Marinha americana aumentou sua presença militar no mar do Sul da China e realizou uma série de manobras conjuntas com a Coreia do Sul e Japão. E no dia 7 de março os EUA instalaram componentes do sistema antimíssil THAAD em Seul.
"Oficialmente as autoridades político-militares dos EUA explicaram isso com a necessidade de conter as ambições nucleares da Coreia do Norte", disse à Sputnik Leonid Ivashov, vice-presidente da Academia de Assuntos Geopolíticos de Moscou.
"Mas, na verdade, os militares americanos estão realizando um programa de contenção da China, bloqueando sua costa nos acessos distantes. Por exemplo, a mídia pouco falou sobre o aumento da presença militar dos EUA no estreito de Malaca. Através dele a China recebe quase 70% dos hidrocarbonetos importados", explicou Ivashov.
Alguns analistas militares consideram que o aumento do orçamento militar não deve obrigatoriamente levar ao aumento das suas capacidades de combate. Segundo o especialista Viktor Murakhovsky, os militares americanos têm certas dificuldades que exigem investimentos significativos. Entre elas Merakhovsky indica os custos sempre em crescimento da produção da indústria militar, outro aspecto é que exército americano consiste apenas de soldados contratados, também Trump prometeu aumentar a qualidade de vida dos veteranos: elevar as pensões, tornar a assistência médica mais acessível, etc.
Marinha
A Marinha norte-americana é o argumento principal de Washington no palco internacional. E, muito provavelmente, grande parte do orçamento será destinada à sua modernização. Trata-se especialmente dos submarinos nucleares lançadores de mísseis balísticos, a base da "tríade nuclear" de Washington.
Aviação e espaço
A segunda área prioritária é a aviação. Aqui o quadro, de acordo com especialistas, está bem claro: o Pentágono continuará comprando caças de quinta geração F-35 tanto para exportação, quanto para necessidades próprias.
Espera-se também a redução da quantidade de aviões obsoletos e a modernização dos mais recentes.
Leonid Ivashov recorda a importância dos drones: "Com o tempo, os EUA planejam os tornar em sua principal força de ataque." Hoje em dia, os militares americanos estão trabalhando no conceito de "enxame", em que se possa atacar o inimigo de vários pontos com uso de muitos drones de propósitos e configurações diferentes, destaca Ivashov.
Além disso, os analistas sublinham que nos próximos anos os EUA continuarão aumentando sua frota de satélites. Em primeiro lugar, se trata do sistema de aviso precoce sobre ataques com mísseis. Ele deverá ser modernizado para poder detectar, por exemplo, o lançamento de um míssil antiaéreo ou posições de lançadores de foguetes que tenham aberto fogo.
Exército
As tropas terrestres, pelo contrário, serão o "parente pobre". Os analistas compartilham a opinião que os EUA não irão gastar mais dinheiro em tropas terrestres. Além do mais, o Pentágono planeja reduzir o número de efetivos do exército de 480 para 450 mil.
Murakhovsky sublinha que um dos problemas principais das tropas terrestres norte-americanas é a quantidade insuficiente das brigadas em prontidão permanente e o equipamento obsoleto. O que é destacado perante a modernização em curso dos tanques e veículos blindados russos.