Netanyahu declarou aos jornalistas que os esforços do Irã para ter uma presença permanente na Síria foram o motivo principal da visita dele a Moscou.
"Eu disse claramente ao presidente Putin que nós somos definitivamente contra o reforço das posições do Irã e seus cúmplices na Síria. Estamos observando que o Irã tenciona aumentar seu poder e estrutura militar na Síria, inclusive com tentativas de construir lá um porto de mar. Tudo isto tem consequências sérias para a segurança de Israel", destacou Netanyahu.
De acordo com ele, a presença iraniana na Síria contradiz os "interesses de longo prazo de todos, exceto os do Irã".
"O motivo desta 'alusão' é criar uma divisão na parceira estratégica entre o Irã e a Rússia", explicou Hassan Hanizadeh, cientista político iraniano, ex-editor-chefe da agência iraniana MehrNews e especialista em problemas do Oriente Médio.
"As relações entre Moscou e Teerã podem ser consideradas como estratégicas. O Irã e Rússia têm uma abordagem comum em uma série de assuntos, especialmente na região do Oriente Médio e Síria. Israel, por sua vez, tenta criar uma divisão nestas relações, destruí-las", sublinha o especialista iraniano.
Ele afirma que Netanyahu usou "artimanhas falsas" para tentar convencer Putin de que o Irã pretende alargar seus territórios e influência por meio da construção de uma base naval na Síria e que isso representa uma ameaça direta para Israel.
"Há uma coisa importante a destacar: qualquer país, com base na legislação internacional, tem o direito de estabelecer e desenvolver as relações diplomáticas com quem quiser. Israel tem dezenas de bases, tanto aéreas, quanto navais. E ninguém fica indignado com isso", disse Hassan Hanizadeh, sublinhando que se o Irã quiser construir uma base militar na Síria a pedido ou por acordo com governo sírio, essa será uma construção legal.
"É claro que o Irã não tem o objetivo de criar uma base naval na Síria. Mas Teerã reserva seu direito de cooperar com países amigos. A necessidade pode surgir apenas se o governo legítimo da Síria precisar disso, por exemplo, para treinar lá seus soldados", esclarece o analista político.
"A Rússia é um Estado soberano capaz de tomar suas próprias decisões sobre como e com quem construir relações. Israel não tem o direito de intervir nisso. As declarações de Benjamin Netanyahu não merecerão atenção e um líder tão sábio como é Vladimir Putin não lhes dará importância nenhuma", concluiu Hassan Hanizadeh seu comentário para a Sputnik Persa.