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Da ditadura à liberdade de expressão: Banda Titãs ecoa hinos por toda América Latina

© Fotos Públicas/Léo MottaSérgio Britto
Sérgio Britto - Sputnik Brasil
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O cofundador do lendário grupo de rock Titãs, Sérgio Britto, falou para a Sputnik Mundo os momentos marcantes de uma carreira emblemática de 32 anos no Brasil e se surpreendeu ao saber que a banda é também um ícone entre os países vizinhos.

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Para aqueles que viveram a ebulição dos anos 80, que respiraram os finais das ditaduras militares nos países do Cone Sul e desejaram alcançar a liberdade de expressão, a banda Titãs — com nome difícil de se pronunciar entre os vizinhos de língua espanhola — marcou uma era, marcou gerações.

A dois meses de se apresentar na capital do Mercosul, Montevidéu, Uruguai, quase todos os bilhetes já foram vendidos — será casa cheia. No entanto, o co-fundador, vocalista e baixista da banda, Sérgio Britto, disse à Sputnik Mundo que não esperava tal novidade.

"Não sei se o mercado está interessado no que fazemos, porque nós tocamos muito para os brasileiros. Os grupos latino-americanos são pouco conhecidos no Brasil e eu acho que acontece o mesmo com as pessoas dos outros países", afirmou o músico.

A declaração é quase insólita. Na região do Río de Plata, que compreende o Uruguai e a Argentina, músicas como "Polícia" e "Homem Primata" soam tão presentes na memória, como se falassem dos dias atuais, e não de 30 anos atrás.

Assim é que cada vez que a Polícia protagoniza episódios de repressão aos crescentes protestos de rua no Brasil e em outros países da América Latina, o refrão " Dizem que ela existe pra ajudar! Dizem que ela existe pra proteger! Eu sei que ela pode te parar! Eu sei que ela pode te prender! Polícia, para quem?" ecoa a voz de manifestantes da região.

"É muito bom saber que uma música tem repercussão na sociedade, é um orgulho", disse Britto.

Seu tom de voz sereno durante a entrevista contrasta com a energia contagiante transmitida quando o hino de protesto, que se transformou a música, é ecoado.

Mas os Titãs não vivem no passado. Se bem que ainda agitam o público com suas canções mais conhecidas da nostalgia dos anos 80, que não saem da cabeça dos fãs, o grupo prepara sua estreia no estilo ópera rock e vai gravar ano um novo disco em breve.

"É um disco que vai ser uma ópera rock, ou seja, que vai ter uma narrativa que vai unir todas [as músicas]. Não gravamos nada parecido, pois a banda busca sempre fazer algo novo. Nós nos reinventamos muitas vezes e esta é mais uma vez", contou o titã.

Nesse reinventar-se constante, o grupo apresenta agora uma nova formação que conta apenas com três de seus fundadores originais: Tony Bellotto e Branco Mello, além de Britto. Entre os dois novatos, um nome significante: Beto Lee, músico de longa trajetória e o filho de outra brasileira famosa, a cantora emblemática Rita Lee.

​Atualmente, Titãs se apresentam cerca de seis vezes por mês no Brasil e resolveram dar um gostinho para os irmãos latino-americanos em um único show, que será realizado em Montevidéu, em 22 de abril.

© Fotos Públicas / Marcos Hermes Banda Titãs em 2015
Banda Titãs em 2015 - Sputnik Brasil
Banda Titãs em 2015

"Preparamos um show com o mais importante de nossa obra. Estivemos no Uruguai em 1991 e queremos muito voltar", contou o músico.

E, como bem enfatizou Britto, que a banda se permite falar de tudo, desde o amor a temas sociais, Sputnik compartilha uma lembrança memorável da participação do músico argentino Fito Páez na gravação do disco acústico dos Titãs em 1997. Um encontro que também evidenciou a proximidade do grupo com o espanhol.

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