'Putin me disse coisas nunca antes ouvidas'

© Sputnik / Vitaly Belousov  / Acessar o banco de imagensPresidente russo Vladimir Putin durante o encontro com o ministro presidente da Baviera, Horst Seehofer, e seu antecessor, Edmund Stoibe, em 16 de março de 2017
Presidente russo Vladimir Putin durante o encontro com o ministro presidente da Baviera, Horst Seehofer, e seu antecessor, Edmund Stoibe, em 16 de março de 2017 - Sputnik Brasil
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Ao se considerar o vencedor da Guerra Fria, o Ocidente não assimila os “sinais fantásticos” de Moscou desde o ano de 2001. O ex-ministro presidente da Baviera, Edmund Stoibe, que, junto com seu sucessor Horst Seehofer, encontrou-se com Vladimir Putin e falou com a Sputnik sobre suas impressões, criticando tal postura europeia.

Após seu discurso no Fórum Russo-Alemão em Moscou, realizado na segunda-feira (20), o político conversou com a Sputnik Alemanha e partilhou sua visão dos laços existentes entre os dois países.

"Claro que antigamente elas [relações] eram muito melhores. A 'situação meteorológica' geral, claro, não é fácil, e para a sociedade alemã, por exemplo, ela se determina primeiramente por tais palavras-chave como Crimeia, Síria e Ucrânia. Mas, quaisquer que sejam certas opiniões, não temos outra opção senão ficar juntos", afirmou Stoibe.

Ex-premiê da Baviera assinalou: o mais importante para hoje é aprender dialogar. "Quer dizer, falar um ao outro, tentar entender a outra parte e não atacar um ao outro com opiniões já preparadas, como foi na época da Guerra Fria. É o pior de tudo", sublinhou, dizendo que a respectiva visita do premiê atual da Baviera, Seehofer, e a próxima visita da chanceler alemã, Angela Merkel, podem ser os primeiros passos no processo de normalização das relações.

Stoibe destacou que este processo, por mais espinhoso que seja, não pode passar sem a participação norte-americana.

"Eu espero que, de qualquer modo, os EUA tomem parte deste processo. Para mim, uma coisa verdadeiramente nova aconteceu quando Putin, pela primeira vez, disse em uma conversa: seria muito bom se os EUA, de alguma forma, participassem no processo de Minsk, em primeiro lugar, tentassem discutir algumas coisas com Kiev", expressou.

Em uma entrevista exclusiva, o político expressou sua esperança de os EUA e a Rússia, finalmente, entrar em um período de melhoramento das relações, o que, obviamente, seria benéfico para todo o mundo, inclusive para a Europa.

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"Para mim, EUA têm chance, com efeito, em um futuro breve, de começar um novo capítulo nas relações russo-americanas, mas hoje, ninguém pode dizer ao certo. Evidenciamos alguns sinais, mas depois surgem outros que significam o contrário. Mas hoje em dia isso poderia se tornar uma chance, já que nunca antes ouvi Putin falar que ache benéfica a participação dos EUA no processo de Minsk através de ferramentas políticas e não através de fornecimento de armas à Ucrânia. Graças a Deus que nós, os alemães, temos obstaculizado isso, e Angela Merkel também obstaculizou. Armar o exército ucraniano é o pior [cenário] que se poderia imaginar."

Ao falar sobre as razoes desta grave crise nas relações entre Moscou e os países ocidentais, o político usa muita "autocrítica" e atribui a maior parte de responsabilidade ao bloco ocidental que "não ouviu os sinais fantásticos" lançados por Putin ainda em 2001.

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"Neste sentido, eu me lembro do discurso de Putin [no Bundestag, parlamento alemão] de 2001 e daqueles sinais absolutamente fantásticos que na época pudemos ouvir, mas aqueles que, de fato, não foram levados a sério… Já que, falando em geral, nós ganhamos a Guerra Fria e, com todas as nossas forças, tentamos nos comportar como vencedores desta guerra. Eis o problema do Ocidente", afirmou.

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