"Hoje em dia, a Bielorrússia é, de fato, o único país europeu amigo da Rússia. Claro que será aqui que vão atacar depois do [golpe de Estado na] Ucrânia, com o fim de transformar a Bielorrússia em algo intermédio entre a Ucrânia e a Lituânia. Não será necessariamente um regime nazista de Bandera [ex-líder nacionalista ucraniano], mas sim algo que leve a cabo uma viragem em direção ao Ocidente", assegurou o historiador e escritor Andrei Fursov em uma entrevista ao diário russo Pravda.
Na opinião do diretor do Centro de Análise bielorrusso EsooM, Sergei Musienko, qualquer programa de intercâmbio é uma faca de dois gumes: "Me custa a crer que um país decida se meter desinteressadamente nos interesses dos outros. Muitas vezes, naturalmente, estão buscando e convidando os jovens mais inteligentes que, após isso, já nunca voltarão para casa".
O presidente da Bielorrússia, Aleksandr Lukashenko, também expressou sua preocupação com as intenções de várias organizações norte-americanas.
"Estamos bastante preocupados com os intuitos de desestabilizar a situação na Bielorrússia através dos métodos de guerra moderna e queremos empreender ações correspondentes contra isso. Estou me referindo às intenções da nossa ‘quinta coluna' com apoio e financiamento por parte de fundações ocidentais (não estou intimidando ninguém, isto é algo que nós sabemos ao certo), […] e às tentativas de aumentar a tensão na Bielorrússia", destacou o presidente.
O início das atividades da USAID no país não é o único fato que provocou preocupação do líder bielorrusso. Nos finais de novembro, o site oficial do Departamento de Estado dos EUA publicou outra proposta de patrocínio de jornalistas bielorrussos.
O órgão prometeu alocar 520 mil dólares para a preparação de "jornalistas independentes" na Bielorrússia, entre outras coisas para cobrir as eleições presidenciais de 2020. Nesta proposta, se destaca que os projetos devem ter o potencial de causar "um impacto imediato que conduza a reformas sustentáveis a longo prazo".
O convidado do serviço russo da Rádio Sputnik, Vladimir Bichkov, assinalou que as organizações mencionadas visam "criar esferas de influência norte-americanas nos países de interesse da inteligência dos EUA". O especialista também estabeleceu um paralelo com a situação na Ucrânia, aonde "Washington investiu 5 bilhões de dólares" através de atividades similares para alcançar o resultado desejado no inverno de 2013-2014.
Lukashenko também revelou ainda que dezenas de milicianos que estariam preparando uma provocação armada foram detidos no território bielorrusso. Um dos acampamentos se encontrava na região de Bobruisk, os restantes — na Ucrânia. Os sabotadores estariam sendo financiados através da Polônia e Lituânia, comunicou o chefe do Estado bielorrusso.