No entanto, mais um vazamento de informações sob sigilo de Justiça aconteceu nesta quinta-feira (23), mas desta vez, no próprio Tribunal Superior Eleitoral. Depoimentos prestados por ex-diretores da Odebrecht na ação que investiga o abuso de poder na chapa Dilma-Temer, nas eleições de 2014, tiveram detalhes divulgados pela imprensa.Gilmar Mendes informou que um procedimento interno foi instaurado pela Corregedoria do Tribunal Superior Eleitoral para investigar os vazamentos dos depoimentos.
"Eu deploro vivamente, seriamente e exijo que nós façamos a devida investigação nesse vazamento agora, lamentavelmente, ocorrido. Acho que isso fala mal das instituições. É como se o Brasil fosse um país de trambiques, de infração. Assim como nós não podemos praticar vazamento aqui, ninguém pode fazê-lo, nem procuradores, nem juíz, nem ninguém. Do contrário, a lei diria que o processo seria público. Por isso o relator tomou providências no sentido que o relator no Supremo liberasse até para a deliberação no âmbito da Justiça, os depoimentos que estavam ligados ao sigilo da delação. É preciso emprestar a lei a devida seriedade."
Na última terça-feira (21), Gilmar Mendes já tinha acusado que o vazamento ocorrido dentro da Procuradoria-Geral da República era constrangedor. O que provocou uma reação, no dia seguinte, do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que rebateu a acusação do ministro do TSE, dizendo que as críticas de Gilmar Mendes eram resultados de uma "disenteria verbal" e "decrepitude moral."
Ainda no seminário, Gilmar Mendes defendeu mudanças no atual sistema político e eleitoral, destacando o modelo de financiamento de campanhas, que leva a prática do Caixa 2 para o sistema. Para o ministro, não se deve demonizar os políticos e sugeriu que é preciso melhorar a qualidade, incentivar vocações e convocar os jovens para participar do processo político. Segundo Gilmar Mendes, "à medida que demonizamos a política e incitamos o público a ter ojeriza da política, nós tornamos deficitário o nosso sentimento democrático e nos tornamos vulneráveis para tentações autoritárias e czaristas." O presidente do TSE ainda destacou que o parlamentarismo pode ser uma solução para as crises políticas brasileiras.