Além disso, o pedetista, que já serviu como ministro da Integração Nacional no primeiro mandato de Lula, critica o ex-presidente afirmando que ele “brincou de Deus”.
Segundo Ciro, Lula teria de certa forma relaxado com seus enormes índices de popularidade, alavancados em parte por um momento sui generis de bonança na economia mundial, e deixado de avançar reformas importantes quando teve a chance, além de ter confiado em alianças que, posteriormente, se revelaram mortais para o governo petista – a indicação de Michel Temer como vice da presidenta Dilma Rousseff sendo o exemplo mais cabal do argumento.
Apesar das críticas, Ciro – carinhosamente apelidado de “Cirão da Massa” por seus fãs nas redes sociais – não esconde sua admiração pela figura do petista, a quem reconhece uma “intuição” fantástica sobre os problemas do país, oriunda não de um projeto consistente para o desenvolvimento da nação, mas da própria história pessoal de Lula.
Lula, por sua vez, também demonstra nutrir grande respeito por Ciro, como ficou evidente em seu discurso de agradecimento ao pedetista na inauguração da transposição do rio São Francisco – projeto idealizado pelo ex-presidente e desenvolvido pelo ex-ministro.
Ciro, aliás, disse em recente debate organizado pelos estudantes da USP que só não esteve presente na festa em Monteiro, na Paraíba, porque seu filho, de 1 ano e 3 meses, havia acabado de sair de uma cirurgia.
O petista, de fato, tem esbanjado força nas últimas pesquisas de intenção de voto para 2018, e claramente demonstra o poder de catalisar todo o processo eleitoral em torno de si mesmo. Nas redes sociais, as páginas de apoio à candidatura de Lula têm se multiplicado a cada dia. A “Que saudade do meu ex”, por exemplo, tem se destacado pelo uso bem-humorado de memes e vídeos em homenagem ao ex-presidente.
No entanto, a candidatura de Lula é ameaçada por investigações e processos políticos capazes de levá-lo a uma eventual condenação em segunda instância, o que o enquadraria na Lei da Ficha Limpa, impedindo-o de concorrer em 2018.
Neste caso, é provável que o ex-presidente apoie Ciro na campanha eleitoral, e já há rumores de uma possível chapa entre Ciro e Fernando Haddad (PT), ex-prefeito de São Paulo.
Por enquanto, porém, as perspectivas de uma “frente ampla de esquerda” ainda são nebulosas. Resta esperar 2018.