"A tendência da Europa é ir até a desintegração. O Brexit é o primeiro sintoma, mas não é o mais grave. Minha impressão é de que o desmembramento europeu se dará devido a um conjunto de erros de cálculo que provocarão uma explosão involuntária", disse Andrés Malamud, residente de Portugal e investigador sênior do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, à Sputnik Mundo.
Na época do seu auge, a UE chegou a ter 28 países-membros. Porém, durante a última década, o projeto, convertido em uma potência mundial, começou o processo de declínio. Atualmente, o Reino Unido iniciou sua saída, os restantes 27 países possuem fortes movimentos que desejam abandonar o bloco para proteger suas economias.
Para o acadêmico, o único fator em comum partilhado por todos os membros hoje em dia é o nacionalismo em certos setores. Neste contexto, Donald Trump põe em dúvida a continuidade da ajuda americana à OTAN, criando outro fator de desestabilização, observou Malamud.
"A OTAN foi um guarda-chuva protetora da Europa. Os EUA têm fornecido a maioria dos recursos e coordenação militar. Deste modo, a Europa tem dedicado seus recursos ao crescimento e à distribuição social. Porém, agora, quando Trump exige a partilha das despesas militares, os padrões de bem-estar social aos quais [todos] estavam acostumados ficam comprometidos", indicou o cientista político.
Com o Reino Unido à beira de se separar da União Europeia, o único membro do bloco com capacidade nuclear é a França. Este país, segundo disse o especialista, é a "única potência militar" que resta na Europa.
Hoje em dia, o debate mais importante a nível europeu é travado entre nacionalistas e europeístas, ou seja, globalistas, que discutem "sacrificar ou não a soberania para conseguir resultados econômicos ou políticos", concluiu.