Poderão outros países seguir exemplo do Irã e introduzir sanções contra EUA?

© AP Photo / Mohammad BernoHassan Rohani, presidente do Irã
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Há pouco, o Irã anunciou a introdução de sanções em relação a 15 empresas americanas, sendo que na lista, além de pessoas jurídicas, também foram incluídas pessoas físicas.

Isto foi comunicado pela agência de notícias iraniana Tasnim com referência a um comunicado oficial da chancelaria do país.

Particularmente, o Ministério das Relações Exteriores iraniano indica que as respetivas empresas estiveram envolvidas em "crimes de uma entidade sionista", bem como em "apoio ao terrorismo e participação na opressão dos povos da região". A lista completa das empresas sujeitas a medidas punitivas foi publicada no site oficial da chancelaria iraniana.

As sanções de Teerã são uma resposta às recentes medidas restritivas por parte de Washington em relação à República Iraniana, impostas em 24 de março de 2017.

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As medidas recém-empreendidas atingiram 30 pessoas jurídicas e físicas de 10 países e têm a ver com a lei de não proliferação de armas de destruição maciça relativamente à Síria, Irã e Coreia do Norte. Em particular, 11 empresas da China, Coreia do Norte, EAU foram sujeitas a sanções por "ter passado [para terceiros] materiais destinados ao programa de mísseis iraniano".

O comunicado da chancelaria do Irã diz que "são proibidas quaisquer transações com estas empresas, seus bens no âmbito da jurisdição da República Islâmica do Irã serão arrestados, enquanto os funcionários destas empresas ou pessoas ligadas a elas não serão autorizados a entrar no Irã".

Os especialistas entrevistados pela Sputnik Persa acreditam que Teerã tem todo o direito de empreender tais medidas, já que se trata dos interesses nacionais do país.

"As medidas restritivas por parte do Irã contra os EUA são um precedente real, pela primeira vez na história Teerã reagiu de forma tão dura", explicou o cientista político iraniano e especialista em assuntos do Médio Oriente, ex-editor executivo da maior agência iraniana MehrNews, Hassan Hanizadeh.

"Tomando em conta as recentes sanções impostas pelo presidente americano contra o Irã, ele, pela primeira vez na história, tomou medidas preventivas: introduziu sanções contra 15 empresas americanas e pessoas físicas ligadas a elas. Estas empresas ajudaram a política propagandista israelense que visava oprimir o povo palestino, bem como foram apanhados a ajudar terroristas no Iraque, Síria e Iêmen. Na verdade, o Irã tem muitos, digamos, ‘trunfos' para opor resistência às sanções dos EUA", continuou.

O especialista destacou que é preciso lembrar que o presidente americano pôs em questão o acordo nuclear iraniano e manifestou-se contra o Plano de Ação Conjunto Global ao longo dos últimos meses. Por isso, o Irã agora pode criar condições completamente diferentes para o "diálogo" com os EUA, inclusive aumentar a lista das empresas sujeitas às sanções.

"Um fator importante nesta relação é a visita do presidente iraniano Hassan Rouhani a Moscou e seu encontro com o líder russo. As consultas entre o presidente iraniano e as autoridades russas sobre as sanções dos EUA e da UE contra a Rússia e o Irã podem se tornar em um bom fundamento para formar um bloco político de resistência às medidas restritivas e Donald Trump e vários países da UE", afirmou Hanizadeh.

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O analista sublinhou que as sanções iranianas são, de fato, um passo prático para resistir às ameaças e sanções americanas. "Por isso espera-se que no futuro a lista de sanções contra as empresas americanas, bem como as ligadas a Israel, seja ampliada. Com estas sanções, o Irã pode causar danos à economia pouco estável dos EUA. […] Tanto mais que, além do Irã, tais sanções podem ser introduzidas por outros países da região", explicou.

Outra especialista, a jurista e professora de direito internacional da Universidade de Teerã Payam-e Nur, Maryam Jalalvand, acredita que o Irã tem todo o direito de efetuar tais medidas de resposta:

"As sanções atuais por parte do Irã são medidas de resposta às ações dos EUA, precisamente a suas recentes sanções contra o potencial de mísseis iraniano. Estas medidas não estão diretamente ligadas ao acordo nuclear. Com tais ações anormais e sanções, o presidente americano Donald Trump simplesmente tenta testar o Irã. Mais cedo, o Irã advertiu repetidas vezes que os testes de mísseis tinham apenas um objetivo — a contenção, já que o Irã tem pleno e legítimo direito à autodefesa. E as recentes sanções dos EUA contra uma série de pessoas jurídicas e físicas, na opinião do Irã, são completamente fabricadas, injustificadas, inaceitáveis, indo contra o direito internacional e o espírito do o Plano de Ação Conjunto Global", ressaltou.

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