Noruega admite que 'ping-pongou' refugiados para testar Rússia

© AFP 2023 / JONATHAN NACKSTRANDRefugiados entram no centro de chegada para refugiados perto da cidade de Kirkenes, norte da Noruega
Refugiados entram no centro de chegada para refugiados perto da cidade de Kirkenes, norte da Noruega - Sputnik Brasil
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A Noruega admite ter "testado" a Rússia no auge da crise do asilo em 2015, enviando refugiados de um lado para outro através da fronteira russo-norueguesa. Esta decisão do governo norueguês exacerbou a já de si dramática situação na região fronteiriça do extremo norte.

Em 2015, centenas de requerentes de asilo vieram para a Noruega pela chamada "rota ártica", através da região de Murmansk, no norte da Rússia, usando a estação fronteiriça norueguesa de Storskog como ponto de entrada. Quando o afluxo parecia ter chegado ao seu apogeu, às autoridades de fronteira norueguesas foi ordenado para "testarem" a Rússia devolvendo os requerentes de asilo não abrangidos pelos acordos bilaterais.

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De acordo com Tor Espen Haga, então chefe da unidade policial de controle de imigração no condado de Finnmark, esta controvérsia criou situações difíceis e aumentou ainda mais a sobrecarga de trabalho para as autoridades estressadas.

Ao longo de dois dias, cerca de 20 requerentes de asilo foram enviados de um lado para o outro entre as estações fronteiriças norueguesas e russas. Entre eles estava uma mãe síria, com suas duas filhas, que em desespero se sentaram na terra de ninguém, recusando serem enviadas de volta.

"Eu espero sinceramente que eles tenham tido um propósito para isso, o que foi mais longe do que vimos. Pois isso pode ter deteriorado nossas relações com a Rússia", disse Tor Espen Haga à emissora nacional norueguesa NRK.

A situação também provocou uma forte reação da embaixada russa.

"Esta foi uma prática absolutamente inaceitável e provocadora que contradiz a letra e o espírito do acordo russo-norueguês de reversão de 2007. Além disso, não é assim que os parceiros devem tratar uns aos outros", escreveu a embaixada russa à NRK.

No entanto, como a lei de imigração norueguesa foi alterada em tempo recorde, ninguém melhor que o então secretário de Estado Joran Kallmyr para instruir os policiais em Storskog.

"Para nós era importante pressionar a Rússia para que eles entendessem que não podiam simplesmente enviar as pessoas através da fronteira norueguesa sem ter que enfrentar as consequências", disse Joran Kallmyr à NRK, alegando que era correto a Noruega testar a disposição da Rússia para aceitar os requerentes de asilo recusados.

Mesmo que nenhuma das pessoas que Kallemyr especificamente queria devolver fossem aceitas pelo lado russo, ele afirmou, no entanto, que era necessário ser um pouco "duro" com os russos.

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Em 2015, 5.445 requerentes de asilo, representando 42 nações, entraram na Noruega através da região de Murmansk, chegando a ser cerca de 200 pessoas por dia. Muitos deles pedalaram em bicicleta até à Noruega para contornar a restrição ao atravessamento da fronteira a pé. Migrantes e refugiados viraram a sua atenção para a Rússia polar como uma forma mais longa, mas segura, de alcançar seus destinos desejados nos países nórdicos, depois de vários Estados-membros de Schengen sobrelotados terem decidido fechar suas fronteiras.

​Enquanto muita mídia norueguesa culpou inicialmente da crise dos migrantes os projetos astutos de Moscou para uma "guerra híbrida", essas absurdas teorias da conspiração foram posteriormente desmentidas pelo Instituto Fridtjof Nansen da Noruega, que explicou que os requerentes de asilo foram simplesmente atraídos por uma rota de viagem barata e segura, em vez da viagem cara e perigosa através do mar Mediterrâneo. Segundo admitiram os próprios migrantes, eles tiveram que pagar 2.500 dólares (cerca de 7.800 reais) por uma viagem via Murmansk, enquanto uma viagem à Grécia teria custado 18.000 dólares (cerca de 56.000 reais).

O influxo através da rota ártica veio mais tarde a ser interrompido após acordos bilaterais e uma ação decisiva por parte da Rússia.

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