Enquanto o bloco Mercosul chama uma reunião de emergência em Buenos Aires para analisar a situação na Venezuela no que diz respeito à transferência das funções da Assembleia Nacional para a Sala Constitucional do Tribunal Supremo de Justiça, o governo afirma ser vítima de uma "guerra psicológica".
A oposição venezuelana qualificou a medida do Tribunal Supremo como um "golpe de Estado" governista. Por sua vez, o governo de Nicolás Maduro rechaçou tal acusação e denunciou que existe uma campanha de governos de direita liderados pelos EUA contra o país latino-americano.
De acordo com o analista, que foi diretor de Relações Internacionais da Presidência da República Bolivariana da Venezuela, a decisão da suprema instância judicial do país tem a ver com o desacato da Assembleia Nacional frente à ordem de regularizar as eleições disputadas em um estado.
"Tudo isto se solucionaria no prazo de dois dias se os deputados cuja eleição está em questão tivessem sido privados de filiação, mas foi o instrumento utilizado pela oposição para fazer eclodir um escândalo e provocar uma situação de desacato", explicou.
Para Gelfenstein, a realidade que seu país está vivendo é bastante diferente daquela que as grandes mídias e alguns governos estrangeiros pretendem transmitir a nível internacional. "Está tudo tranquilo", insistiu.
Na opinião dele, os opositores políticos que abandonaram o país nos últimos dias querem "fazer [os outros] suporem que estão sendo politicamente perseguidos". Gelfenstein considerou que outra explicação seria a de que eles estariam procurando exercer pressão sobre o governo através das lideranças e organismos internacionais "porque não têm capacidade de mobilização interna".
"A esposa de Leopoldo López está em Buenos Aires justamente quando se dá a reunião do Mercosul. O pai de López se reuniu em Bogotá com gente envolvida no golpe de Honduras, é tudo uma pressão externa. A gente comum do país está alheia a toda essa situação, a toda a tormenta internacional que está sendo criada. A gente está trabalhando normalmente. Liguei a um amigo taxista e ele me disse que está tudo normal, como um dia qualquer", partilhou.
As autoridades argentinas, brasileiras, colombianas, mexicanas, panamenhas e peruanas manifestaram sua preocupação com a situação na Venezuela. O chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, sublinhou que aquilo que se passou no país caribenho "é uma rutura absoluta com o Estado de direito". Entretanto, o governo da Bolívia reiterou seu apoio ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e denunciou que Caracas sofre um "assédio" por parte da "direita do continente".
Deste modo, a oposição venezuelana convoca uma mobilização contra o governo que Gelfenstein espera ser um "fracasso", julgando pelas manifestações dos últimos anos.