Nove bilhões de dólares. Este é o valor, igual ao orçamento militar anual, que a Polônia terá que gastar com as "relações especiais" que tem com os EUA. Basta relembrar que se trata apenas de um episódio.
Entretanto, seria mais adequado se a natureza deste fenômeno fosse explicada pelos médicos da respetiva especialidade. Basta ressaltar que, ainda durante a fase de preparação do contrato para licitação da compra das armas, se dizia que os complexos devem combater eficazmente o sistema russo Iskander.
Os participantes europeus do concurso acabaram por perdê-lo, enquanto os americanos saíram vencedores. Neste caso, o papel-chave foi desempenhado, claro, não apenas pelas caraterísticas técnicas do Patriot, mas também pelo rumo da política atual. Ao fornecer uma encomenda "choruda" ao seu "grande irmão" verdadeiro e principal e não a um aliado secundário qualquer, se pode contar com sua especial atitude benevolente. E, ao mesmo tempo, demonstrar que Varsóvia, de forma dócil e impecável, cumpre os desejos de Washington, que apela persistentemente, se não mesmo obriga, os países-membros europeus da OTAN para que paguem mais para o tesouro comum. Ou seja, aqueles malditos 2% do PIB.
Por isso, neste sentido a Polônia está pretendendo um papel de aluno aplicado e responsável. Ou seja, aparentemente, em termos políticos, ganham todos. Porém, Varsóvia, estando cegada pelas vantagens tão evidentes, não se preocupa em analisar como é que a economia nacional vai reagir a essas despesas enormes. E, além disso, quanto dinheiro será preciso para manutenção e assistência dos sistemas americanos, levando em conta que cada míssil compatível com eles custa 3 milhões de dólares (cerca de 9 milhões de reais).
A propósito, no total a Polônia planeja gastar 35 bilhões de dólares com a modernização das suas Forças Armadas. Porém, os europeus também vão receber seu pedaço deste bolo. Por exemplo, os franceses "tiveram sorte". Eles vão participar do processo no decorrer do qual a Polônia se vai tornar em uma grande potência marítima. Mas claro que isso não será de graça. Será ao preço de muitos bilhões de euros.
Varsóvia anunciou seus planos para comprar e construir submarinos e navios de superfície em cooperação com Paris. Mas isto se faz para não ofender os seus vizinhos da região europeia comum. De qualquer maneira, parece que a maior parte dos lucros das compras militares acabará nas mãos de Washington.
E Varsóvia estava perto como nunca deste objetivo. Mas aconteceu uma "coisinha" inesperada, uma sensação: surgiu Donald Trump. Primeiramente, as autoridades polonesas não sabiam como reagir a esse fato incrível e imprevisto. Mas, pelos vistos, conseguiram se orientar. Decidiram atacar Washington com encomendas.
Vão continuar pedindo à OTAN para que lhes envie os militares americanos "supereficientes", acompanhando tudo isso com elogios e cortesias abundantes. E pedir cada vez mais, sem ligar ao fato dos EUA considerarem abertamente a Polônia como uma moeda de troca no "jogo" com a Rússia, e como um posto avançado de operações militares que não terá muito valor caso se dê um conflito grande. Por isso, a economia polonesa pode aguardar, pois os politiqueiros locais têm mais coisas a fazer.