De acordo com ditado popular mexicano, "mais vale viver 5 anos como rei do que 50 como boi". Para o filósofo mexicano Juan Carlos Ayala, esta frase explica a cultura "narco", que se enraizou em territórios mexicanos como Sinaloa, conhecido como "o berço do tráfico de drogas". Lá, o professor universitário observou o aparecimento das "buchonas de Culiacán" – garotas que acompanham os narcotraficantes da capital de Sinaloa.
"São mulheres que pagam cirurgias plásticas para remover uma parte do seu corpo ou, ao contrário, colocar mais [silicone] na bunda, nos seios e lábios. Elas usam roupas muito provocativas e caras, cabelo, unhas e cílios são falsos. Algumas são damas de companhia, outras já estão envolvidas no tráfico. Com o tempo, elas formaram uma imagem de companheira ou parceira ativa dos criminosos", disse Ayala à Sputnik Mundo.
Em sua opinião, essas meninas não têm medo de se expor, mesmo conhecendo o risco. Alguns casos foram emblemáticos, por exemplo, o assassinato de Yuriana Castillo, a esposa de um assassino lendário conhecido como "Chino Ántrax" – Chinês Antraz, depois de ele ser detido.
"Quando enfrentavam doença de bócio, eles desciam para a cidade [em busca de assistência médica] e se vangloriavam de seu dinheiro. Por isso são conhecidos como buchones e correspondentemente suas esposas são conhecidas como buchonas", disse Juan Carlos Ayala.
Em sua pesquisa, Ayala concluiu que a exposição deste estilo “demasiadamente alambicado" reforça a naturalização da violência na cultura mexicana.
"Desde janeiro deste ano, foram registrados 410 assassinatos em Sinaloa, em um estado com três milhões de habitantes. A violência se torna absolutamente normal", disse.
Segundo o filósofo, para muitos jovens a vida de luxo dos traficantes dá-lhes um status social, "predispondo a sociedade à vida criminosa".
"Elas não querem mais só aproveitar o status de namoradas que são sustentadas por eles. Elas não querem passar despercebidas, elas querem destaque. As buchonas fazem parte da cultura em Sinaloa, que já se difundiu em outras partes do México", disse.
Nas redes sociais há muitos perfis de mulheres que seguem o estilo das "buchonas". Alguns perfis promovem marcas de roupa, maquiagem, cabeleireiro ou modelos femininos.