"Aquilo que Elon Musk e sua equipe fizeram é um verdadeiro avanço. A União Soviética planejava usar a mesma tecnologia no acelerador Energia, mas o projeto foi finalmente descartado por falta de financiamento", partilhou Katorgin.
Perguntado se os aceleradores reutilizáveis também estão sendo elaborados na Rússia, Boris Katorgin afirmou que, caso tal objetivo seja estabelecido, os engenheiros russos certamente o conseguirão alcançar.
"Estes projetos serão diferentes daqueles que tínhamos há 25 ou 30 anos, claro, e serão baseados nas tecnologias mais avançadas que temos hoje. Entretanto, com bastantes especialistas e financiamento nos levaria 4 anos no máximo a finalizar este trabalho", exclamou.
Ele acrescentou que mesmo após os americanos terem elaborado seu próprio motor de foguete pesado, para substituir o RD-180 que eles compravam da Rússia desde a década de 90, Moscou continuará usando estes motores nos seus lançadores pesados e até superpesados.
"Nossa maior vantagem [sobre os americanos] é o fato de nós já termos um motor de foguete bem-sucedido que é um dos melhores e continuará a sê-lo em um futuro previsível", enfatizou o engenheiro.
Ele adiantou que atualmente a Rússia está desenvolvendo o foguete pesado Angara-A5V no âmbito de uma estratégia para garantir a segurança informática ao país, promovendo a pesquisa científica e exploração espacial "além das órbitas que hoje em dia atingimos".
Vale ressaltar que o programa espacial dos EUA conta com os motores russos RD-180 para equipar os aceleradores de foguetes nos voos para a Estação Espacial Internacional.
As empresas privadas, por sua vez, inclusive a SpaceX e a Blue Origin, estão elaborando seus motores que poderiam ser usados pelo Pentágono no futuro.
Em 2014, o Congresso dos EUA restringiu expressamente a compra dos motores russos RD-180, quando foram impostas sanções econômicas contra Moscou.
Os legisladores fizeram passar uma lei que requeria o desenvolvimento doméstico de um sistema propulsor até 2019 para não ficar dependentes dos RD-180.
Porém, em dezembro de 2015, o Congresso dos EUA aprovou o orçamento que permitiu ao país continuar comprando os motores russos.