Para onde voarão em seguida os novos Tomahawk dos EUA?

© AP Photo / U.S. NavyNesta imagem fornecida pela Marinha dos Estados Unidos, o destrutor de mísseis guiados USS Porter (DDG 78) lança um míssil de ataque de terra tomahawk no Mar Mediterrâneo, sexta-feira, 7 de abril de 2017
Nesta imagem fornecida pela Marinha dos Estados Unidos, o destrutor de mísseis guiados USS Porter (DDG 78) lança um míssil de ataque de terra tomahawk no Mar Mediterrâneo, sexta-feira, 7 de abril de 2017 - Sputnik Brasil
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O ministro das Relações Exteriores britânico Boris Johnson comunicou na segunda (10) que Washington pode realizar um novo ataque de mísseis na Síria.

O presidente dos EUA, Donald Trump, comunicou que o ataque contra base aérea de Shayrat foi uma resposta ao alegado ataque químico na cidade síria de Idlib em 4 de abril, que , segundo Washington, foi realizado pelo governo sírio e que, segundo a Rússia foi uma operação de bandeira falsa - Sputnik Brasil
Base aérea síria volta a funcionar um dia depois de ser bombardeada pelos EUA
O secretário de Estado Rex Tillerson acrescentou no domingo que os EUA não esperam ações de resposta da Rússia ao ataque norte-americano porque os objetivos russos não eram seu alvo. Contudo, depois do ataque com mísseis norte-americano, realizado em 7 de abril contra o aeródromo sírio, após a suspensão do memorando russo-estadunidense sobre a Síria, após a chegada do Admiral Grigorovich ao Mediterrâneo e do desvio do grupo aeronaval norte-americano para as costas da Coreia do Sul, muitos têm razões para aguardar a continuação da confrontação militar entre o Ocidente e o Oriente.

O rumo dos EUA em direção a uma manifesta política externa de força também é evidente tanto para a Europa, como para a Ásia. A reserva de mísseis Tomahawk é bastante vasta (mais de 5 mil mísseis) e esta arma não foi criada para ficar de reserva.

Mas ninguém está interessado numa terceira guerra mundial suicida e, para garantir uma realização bem-sucedida da política externa norte-americana, os mísseis devem voar de forma doseada. As operações no Iraque, na Iugoslávia e no Afeganistão permitem supor que o limite para um território (ou povo) compacto é definido pela quantidade de 300 a 700 mísseis.

Um show militar

O presidente dos EUA Donald Trump tem grande experiência na organização de apresentações de televisão, ou seja, da orientação da consciência das massas e "assassinato de notáveis" sem armas. Trump elogiou os seus marinheiros logo após o ataque com mísseis.

Provavelmente Trump não gastará nos tempos mais próximos seus Tomahawk na Síria. Para reforçar a autoridade e influência dos EUA nas várias partes do mundo é mais racional aplicar a força, por exemplo, na região do Pacífico, onde Washington tem um conjunto de divergências com Pequim e onde crescem as ambições nucleares da Coreia do Norte. Por outro lado, a "aliança americano-japonesa é a pedra fundamental para a paz e estabilidade no Pacífico".

Um combatente norte-americano, que está lutando ao lado das Forças Democráticas da Síria, segura bandeira do seu país - Sputnik Brasil
Rex Tillerson revela prioridades de Washington na Síria
O "show" mais eficaz poderia ser um ataque doseado contra objetivos militares da Coreia do Norte – durante o encontro no Kremlin do secretário de Estado Rex Tillerson com o ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov (não mais de uma centena de Tomahawks, para não irritar demasiado a China). Não penso que Moscou esteja disposta para ser um figurante de westerns, mas o almoço recente em Mar-a-Lago (quando Trump informou Xi Jinping sobre o ataque à Síria) deve ser considerado.

Considerando que o USS Porter e o USS Ross já dispararam seus mísseis e o porta-aviões USS Carl Vinson não será detido pela Rússia na sua rota para a Coreia do Norte, é possível influenciar os acontecimentos, por exemplo, com o cancelamento da visita de Tillerson. Tanto mais que tais manobras são praticadas pelo Ocidente, e após a escapadela síria dos EUA não vale a pena esperar propostas positivas por parte de Washington.

Se os EUA ignoram ostensivamente os interesses da Rússia na Síria, o encontro em Moscou não vai alterar nada.

"Hoje os EUA bombardearam a Síria, e podem começar bombardeando a Rússia se não forem travados. É muito difícil, mas ainda possível não prevenir o início de uma grande guerra. Mas não com a retirada da Rússia, antes pelo contrário", acrescentou o publicista Israel Shamir.

A simetria da resposta

É evidente que o Ocidente não tenciona jogar “xadrez em 3D” com o Oriente. Os norte-americanos precisam de baseball e do preceito do presidente Roosevelt: “Fala baixo, mas segura nas mãos um cacete grande e você irá longe.” Esta ideia continua sendo a quintessência da política externa dos EUA e convém também aos aliados dos EUA.

O representante oficial dos EUA na ONU Nikki Haley comunicou em entrevista à CNN que o presidente norte-americano Donald Trump está discutindo com sua administração a possibilidade de introdução de novas sanções contra a Rússia e o Irã por causa do apoio à Síria.

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EUA querem trabalhar com a Rússia para garantir 'mudança no regime político sírio'
Trump não pode desconsiderar o potencial político-militar da Rússia e seus aliados. E a fragata Admiral Grigorovich no Mediterrâneo poderá se tornar um dos argumentos simétricos.

Como se sabe, os fracos são batidos. É necessário responder de forma análoga a uma demonstração de força. Todo o mundo pode ficar ameaçado se a Rússia começar falando a linguagem dos Tomahawk.

Entretanto, temos muitos aliados do nosso lado. O ataque com mísseis à Síria provocou o descontentamento de muitos eleitores do presidente Trump. Só metade dos norte-americanos apoiou o ataque dos EUA.

Acho que uma análise dura é justa, porque não é bom enganar seu próprio povo, mesmo que os Tomahawks matem alguém para o bem dos EUA. As análises dos vizinhos de outros países poderão vir a ser ainda mais duras.

Aleksandr Khrolenko em exclusivo para a Sputnik

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