O rumo dos EUA em direção a uma manifesta política externa de força também é evidente tanto para a Europa, como para a Ásia. A reserva de mísseis Tomahawk é bastante vasta (mais de 5 mil mísseis) e esta arma não foi criada para ficar de reserva.
Anatomy of a Tomahawk missile: Explaining the weapons the US used to strike Syria https://t.co/JkrdjmHGKF pic.twitter.com/bmpWf4nCit
— CNN (@CNN) 8 de abril de 2017
Mas ninguém está interessado numa terceira guerra mundial suicida e, para garantir uma realização bem-sucedida da política externa norte-americana, os mísseis devem voar de forma doseada. As operações no Iraque, na Iugoslávia e no Afeganistão permitem supor que o limite para um território (ou povo) compacto é definido pela quantidade de 300 a 700 mísseis.
Um show militar
O presidente dos EUA Donald Trump tem grande experiência na organização de apresentações de televisão, ou seja, da orientação da consciência das massas e "assassinato de notáveis" sem armas. Trump elogiou os seus marinheiros logo após o ataque com mísseis.
Provavelmente Trump não gastará nos tempos mais próximos seus Tomahawk na Síria. Para reforçar a autoridade e influência dos EUA nas várias partes do mundo é mais racional aplicar a força, por exemplo, na região do Pacífico, onde Washington tem um conjunto de divergências com Pequim e onde crescem as ambições nucleares da Coreia do Norte. Por outro lado, a "aliança americano-japonesa é a pedra fundamental para a paz e estabilidade no Pacífico".
Considerando que o USS Porter e o USS Ross já dispararam seus mísseis e o porta-aviões USS Carl Vinson não será detido pela Rússia na sua rota para a Coreia do Norte, é possível influenciar os acontecimentos, por exemplo, com o cancelamento da visita de Tillerson. Tanto mais que tais manobras são praticadas pelo Ocidente, e após a escapadela síria dos EUA não vale a pena esperar propostas positivas por parte de Washington.
MT @USPacificFleet: At @PacificCommand direction, #USSCarlVinson Strike Group changes course to north — https://t.co/KPqHA0l5kE (File pic) pic.twitter.com/HF6JSDPEov
— U.S. Navy (@USNavy) 9 de abril de 2017
Se os EUA ignoram ostensivamente os interesses da Rússia na Síria, o encontro em Moscou não vai alterar nada.
"Hoje os EUA bombardearam a Síria, e podem começar bombardeando a Rússia se não forem travados. É muito difícil, mas ainda possível não prevenir o início de uma grande guerra. Mas não com a retirada da Rússia, antes pelo contrário", acrescentou o publicista Israel Shamir.
A simetria da resposta
É evidente que o Ocidente não tenciona jogar “xadrez em 3D” com o Oriente. Os norte-americanos precisam de baseball e do preceito do presidente Roosevelt: “Fala baixo, mas segura nas mãos um cacete grande e você irá longe.” Esta ideia continua sendo a quintessência da política externa dos EUA e convém também aos aliados dos EUA.
O representante oficial dos EUA na ONU Nikki Haley comunicou em entrevista à CNN que o presidente norte-americano Donald Trump está discutindo com sua administração a possibilidade de introdução de novas sanções contra a Rússia e o Irã por causa do apoio à Síria.
Como se sabe, os fracos são batidos. É necessário responder de forma análoga a uma demonstração de força. Todo o mundo pode ficar ameaçado se a Rússia começar falando a linguagem dos Tomahawk.
Entretanto, temos muitos aliados do nosso lado. O ataque com mísseis à Síria provocou o descontentamento de muitos eleitores do presidente Trump. Só metade dos norte-americanos apoiou o ataque dos EUA.
Acho que uma análise dura é justa, porque não é bom enganar seu próprio povo, mesmo que os Tomahawks matem alguém para o bem dos EUA. As análises dos vizinhos de outros países poderão vir a ser ainda mais duras.
Aleksandr Khrolenko em exclusivo para a Sputnik