O governo russo vetou uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) que demandava a cooperação do governo sírio com a investigação a respeito do ataque com armas químicas ocorrido na semana passada.
O documento rejeitado pelo Kremlin foi apresentado por Estados Unidos, Reino Unido e França.
Para os países ocidentais, o presidente sírio Bashar Assad é o principal suspeito de ter orquestrado e ordenado o ataque, que matou 87 civis, incluindo 31 crianças, na cidade síria de Khan Shaykhun, que é controlada por militantes contrários ao governo de Assad.
Esta foi a oitava vez em que a Rússia usou o seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para bloquear ações contra o seu principal aliado em Damasco.
O que dizia a resolução
A Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) informou que sua missão estava recebendo informações de todas as fontes disponíveis sobre o uso de armas químicas na Síria, para depois apresentar um documento ao Conselho Executivo da OPAQ. O Conselho de Segurança da ONU pede que a missão “informe os resultados de sua investigação o mais rápido possível”.
A resolução apresentada por norte-americanos, britânicos e franceses reforça que “o Conselho de Segurança condena o uso de armas químicas na Síria, em particular no ataque de Khan Shaykhun”, e que “nenhuma das partes na Síria deve utilizar, desenvolver, produzir, adquirir, armazenar ou transferir armas químicas”.
Pelo documento, todas as partes envolvidas no conflito sírio devem cooperar plenamente com a OPAQ, e relembrar ao governo de Assad que é preciso conceder acesso a todas as instalações necessárias à investigação, incluindo as informações sobre os registros de voos do dia 4 de abril, entre outras instruções.
Rússia pede “uma investigação exaustiva”
A versão da resolução apresentada pelos três governos ocidentais foi considerada “inaceitável” pelo governo da Rússia. Para o Kremlin, houve uma pressa dos países em acusar Assad pelo suposto uso de armas químicas contra civis e agora é necessária uma investigação completa sobre o emprego de agentes tóxicos na província síria de Idlib.
Representante russo no conselho, Vladímir Safronkov exigiu “uma investigação exaustiva” do caso e disse ter ouvido com “assombro” a algumas das conclusões apontadas por outros integrantes do Conselho de Segurança. “Escutei com assombro que os especialistas franceses já chegaram à conclusão de que quem fez [o ataque] foi Damasco […]. Como sabem se ninguém visitou o local do crime?”, perguntou Safronkov.
Já o representante sírio Staffan de Mistura pediu pela colaboração entre os governos dos Estados Unidos e da Rússia para estabilizar a situação no país, em busca de uma resolução política ao conflito. Ele pediu “moderação” após o ataque com mísseis ordenado pela Casa Branca contra a Síria, sob pena de uma “escalada da violência”.