Qual é a verdadeira imagem do oposicionista na Síria?

© REUTERS / Ammar AbdullahMilitantes rebeldes da oposição síria
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A imagem oferecida pela mídia ocidental do oposicionista pacífico e moderado sírio é uma mentira, comunicou a irmã Guadalupe, que viveu durante vários anos em Aleppo, em entrevista à Sputnik Mundo.

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Para irmã Guadalupe o conflito sírio foi "criado especialmente para o confronto" com objetivo de corresponder aos "interesses criados na região, apoiados artificialmente, e que contrariam a vontade do povo sírio". Segundo ela, os sírios "querem continuar vivendo na mesma estabilidade que tinham até ao início da guerra", na estabilidade assegurada pelo governo.

"Pode ser pouco compreensível no Ocidente, mas é a estabilidade que eles [os sírios] conseguiram alcançar após anos. Neste equilíbrio se passou a ter um governo laico, um alto nível de vida e uma estabilidade econômica. Tudo o que tinham alcançado desapareceu com o início da guerra", comunicou a irmã Guadalupe na conversa telefônica à Sputnik Mundo.

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​Mas a imprensa internacional mostra os oposicionistas como grupos que "buscam o bem do povo, a liberdade e a democracia". Segundo a religiosa, "tudo isso é mentira". Ela acrescentou que estes grupos, apoiados por uma série de países ocidentais que perseguem seus próprios interesses econômicos, "só provocaram a destruição no país".

"As pessoas no Ocidente têm uma imagem da oposição como representantes do povo sírio, com uma bandeira branca nas mãos e por isso estamos falando línguas diferentes. A imagem da situação se formou no Ocidente está absolutamente incorreta", comunicou a irmã Guadalupe.

No que toca ao suposto ataque químico, que os EUA e outros países atribuíram ao exército nacional sírio, a irmã acredita que a comunidade internacional se comportou "muito impulsivamente", se baseando nas "suspeitas" que "sempre provêm da oposição".

"É claro que o povo nega que o exército faça tais coisas contra os habitantes do próprio país. É o exército nacional que os tem defendido todos estes anos, mas, além disso, as pessoas nesse sentido são realmente imparciais. A gente é muito sensata e quer a realização da investigação correspondente. Afinal se trata da vida das pessoas", frisou ela.

A maneira como é usada a informação sobre os últimos acontecimentos na Síria, segundo a opinião da irmã, mostra que "a mídia tem grande importância para aqueles que avançam com estes planos", porque através de suas mensagens eles "dominam e ganham o apoio da opinião pública". Assim, o Ocidente "se convence de novo de que [os alegados ataques químicos] foram realizados pelo exército".

"Não se pode manipular a informação, isso vai realmente contra a verdade. Creio que a mídia esteja manipulada em grande parte. Pelo menos as fontes mais importantes apresentam só uma parte da realidade e isso não ajuda realmente, porque creio que, decididamente, são os sírios que estão pagando por isso com suas vidas".

A irmã Guadalupe acrescentou também que a mídia ofereceu informação manipulada sobre a libertação dos bairros de Aleppo pelos militares russos e sírios. Os canais mostraram como os libertadores "massacram o povo" na parte oriental da cidade, mas eles, entretanto, não mostraram a alegria do povo após "a cidade, finalmente, ter sido libertada após cinco anos de barbárie terrorista".

​Apesar do fato de a irmã Guadalupe ter abandonado a cidade, ela lembrou que, graças à comunicação constante com seus colegas sírios, ela soube dos festejos dos civis em Aleppo.

"Vivi aí durante quatro anos, sofrendo os ataques da oposição que tinha ocupado a parte oriental da cidade e que nos bombardeava dia e noite. Os projéteis caiam sobre os nossos bairros. Ver que tudo isso finalmente acabou, que a cidade foi libertada dos terroristas, foi uma fonte de alegria e felicidade, mas a mídia não divulgou essa informação", frisou Guadalupe.

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A religiosa também contou sobre outro lado da realidade síria. É o êxodo de cristãos e a perseguição religiosa por parte da oposição terrorista. Até à guerra, as diferentes confissões tinham "coexistido em paz", enquanto a liberdade de confissão era uma realidade. Mas a situação se alterou, e hoje os cristãos vivem sofrendo.

"Estes grupos de oposição perseguem o objetivo de derrubar o governo, mas ao mesmo tempo eles querem eliminar a presença cristã e depois todas as outras confissões que não fazem parte do islã fundamentalista, como os yezidi no Iraque e os muçulmanos moderados na Síria", acrescentou ela.

Devido à perseguição na Síria, a vida do cristão é igual à de um mártir. Muitos deles são assassinados "cruelmente e da maneira mais desapiedada". Por exemplo, há informação sobre casos em que grupos dos fundamentalistas islâmicos "enterram crianças vivas".

Antes da guerra, os cristãos representavam 10% de todo o povo sírio. Hoje em dia o índice diminuiu significativamente e os representantes desta minoria religiosa enfrentam a ameaça de desaparecer por causa dos assassinatos em massa e do êxodo que enfrentam.

A irmã Guadalupe acredita que o Ocidente está ignorando mais um tema que deve "preocupar toda a comunidade internacional". Segundo ela, é necessário proteger as minorias cristãs porque seu desaparecimento vai "reforçar e ativar o fundamentalismo e o terrorismo islâmico".

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