"Pode ser pouco compreensível no Ocidente, mas é a estabilidade que eles [os sírios] conseguiram alcançar após anos. Neste equilíbrio se passou a ter um governo laico, um alto nível de vida e uma estabilidade econômica. Tudo o que tinham alcançado desapareceu com o início da guerra", comunicou a irmã Guadalupe na conversa telefônica à Sputnik Mundo.
#ThingsMoreTrustedThanTrump The Christian leader of Aleppo who calls on Trump to stop supporting his enemies https://t.co/1bjiU2KvuM pic.twitter.com/JVUcCLS3IB
— Ian56 (@Ian56789) 8 de abril de 2017
"As pessoas no Ocidente têm uma imagem da oposição como representantes do povo sírio, com uma bandeira branca nas mãos e por isso estamos falando línguas diferentes. A imagem da situação se formou no Ocidente está absolutamente incorreta", comunicou a irmã Guadalupe.
No que toca ao suposto ataque químico, que os EUA e outros países atribuíram ao exército nacional sírio, a irmã acredita que a comunidade internacional se comportou "muito impulsivamente", se baseando nas "suspeitas" que "sempre provêm da oposição".
"É claro que o povo nega que o exército faça tais coisas contra os habitantes do próprio país. É o exército nacional que os tem defendido todos estes anos, mas, além disso, as pessoas nesse sentido são realmente imparciais. A gente é muito sensata e quer a realização da investigação correspondente. Afinal se trata da vida das pessoas", frisou ela.
A maneira como é usada a informação sobre os últimos acontecimentos na Síria, segundo a opinião da irmã, mostra que "a mídia tem grande importância para aqueles que avançam com estes planos", porque através de suas mensagens eles "dominam e ganham o apoio da opinião pública". Assim, o Ocidente "se convence de novo de que [os alegados ataques químicos] foram realizados pelo exército".
Happy Palm Sunday! Christian Syrians have been sieged in Aleppo for years before its liberation from jihadist rebels and can now celebrate. https://t.co/swfpuC2VHv
— Abdullah (@Norristolainen) 9 de abril de 2017
"Não se pode manipular a informação, isso vai realmente contra a verdade. Creio que a mídia esteja manipulada em grande parte. Pelo menos as fontes mais importantes apresentam só uma parte da realidade e isso não ajuda realmente, porque creio que, decididamente, são os sírios que estão pagando por isso com suas vidas".
A irmã Guadalupe acrescentou também que a mídia ofereceu informação manipulada sobre a libertação dos bairros de Aleppo pelos militares russos e sírios. Os canais mostraram como os libertadores "massacram o povo" na parte oriental da cidade, mas eles, entretanto, não mostraram a alegria do povo após "a cidade, finalmente, ter sido libertada após cinco anos de barbárie terrorista".
Apesar do fato de a irmã Guadalupe ter abandonado a cidade, ela lembrou que, graças à comunicação constante com seus colegas sírios, ela soube dos festejos dos civis em Aleppo.
"Vivi aí durante quatro anos, sofrendo os ataques da oposição que tinha ocupado a parte oriental da cidade e que nos bombardeava dia e noite. Os projéteis caiam sobre os nossos bairros. Ver que tudo isso finalmente acabou, que a cidade foi libertada dos terroristas, foi uma fonte de alegria e felicidade, mas a mídia não divulgou essa informação", frisou Guadalupe.
"Estes grupos de oposição perseguem o objetivo de derrubar o governo, mas ao mesmo tempo eles querem eliminar a presença cristã e depois todas as outras confissões que não fazem parte do islã fundamentalista, como os yezidi no Iraque e os muçulmanos moderados na Síria", acrescentou ela.
Devido à perseguição na Síria, a vida do cristão é igual à de um mártir. Muitos deles são assassinados "cruelmente e da maneira mais desapiedada". Por exemplo, há informação sobre casos em que grupos dos fundamentalistas islâmicos "enterram crianças vivas".
Antes da guerra, os cristãos representavam 10% de todo o povo sírio. Hoje em dia o índice diminuiu significativamente e os representantes desta minoria religiosa enfrentam a ameaça de desaparecer por causa dos assassinatos em massa e do êxodo que enfrentam.
A irmã Guadalupe acredita que o Ocidente está ignorando mais um tema que deve "preocupar toda a comunidade internacional". Segundo ela, é necessário proteger as minorias cristãs porque seu desaparecimento vai "reforçar e ativar o fundamentalismo e o terrorismo islâmico".