Porém, podemos dizer que as autoridades militares da Coreia do Norte não sofrem de falta de ambição, destaca no seu comentário à Sputnik China o especialista militar russo Vasily Kashin.
A finalização de todo o ciclo de testes de voo na China naquela altura demorou 5-6 anos. Os norte-coreanos começaram os testes do Bak Kung Sung-1 em 2015 e, provavelmente, estarão prontos para sua implementação no final da década. Estes mísseis, segundo se supõe, têm um alcance até 2000 quilômetros, o que é comparável com o Julang-1 e o DF-21A. A criação de mísseis de dois estágios de combustível sólido e médio alcance será um grande sucesso, a Coreia do Norte irá obter a capacidade para atacar todo o território da Coreia do Sul e Japão, mas, tal como antes, não conseguirá atingir os EUA.
Para testar seus mísseis intercontinentais eles terão que lançá-los sobre o território japonês na direção do Pacífico Sul. Como mostrou a experiência dos testes de mísseis chineses DF-5, no início dos anos de 1980, para os testes será necessário criar uma frota de navios especializados, equipados com aparelhagem sofisticada, e provavelmente novos navios de guerra para a sua proteção e apoio. As tentativas para realizar testes poderão ser confrontadas com a oposição ativa dos EUA e seus aliados, incluindo tentativas para derrubar os mísseis na fase inicial da trajetória (se os meios do sistema de defesa antimísseis dos EUA e do Japão nas ilhas japonesas estiverem prontos para isso), ou tentativas de criar interferências aos equipamentos de medição instalados nos navios norte-coreanos.
Talvez estes mísseis potenciais sejam aquilo que a Coreia do Norte está pronta a sacrificar em troca de uma redução da pressão das sanções. A segurança da Coreia do Norte está totalmente garantida neste momento pela sua capacidade de causar, em caso de guerra, danos inaceitáveis aos principais aliados dos Estados Unidos – o Japão e Coreia do Sul. A Coreia do Norte não vai desistir das armas nucleares e dos mísseis de médio alcance, mas pode concordar em não realizar novos testes e não desenvolver mísseis balísticos de alcance intercontinental (a partir de 5500 km) em troca de concessões políticas e econômicas – é assim, talvez, que na opinião de Pyongyang se afigura uma troca ideal.