O dia em que Cuba poderia ter se tornado 'Estado fantoche' dos EUA

© REUTERS / Enrique de la OsaPeople walks pass a graffiti of Cuba's late president Fidel Castro in Santiago de Cuba
People walks pass a graffiti of Cuba's late president Fidel Castro in Santiago de Cuba - Sputnik Brasil
Nos siga no
A contraofensiva cubana em resposta à invasão da Baía dos Porcos em abril de 1961 ficou conhecida como a "vitória da praia Girón" e reforçou o triunfo da Revolução Cubana.

De 15 a 19 de abril de 1961, realizou-se operação militar, encabeçada pelos EUA, para interromper a Revolução a dois anos de seu triunfo. A invasão da Baía dos Porcos poderia ter mudado o curso da história. Mas em 18 de abril, a contraofensiva do governo revolucionário pôs fim à política intervencionista norte-americana.

"Nós a chamamos de vitória da praia Girón. Os Estados Unidos organizaram a Brigada 2106, constituída por cerca de 1.500 pessoas dotadas de tanques e artilharia, que foi transportada ao lugar, escolhido pela inteligência estadunidense de acordo com mapas. Procurava-se instalar uma "cabeça-de-ponte", a partir do qual proclamariam depois um novo governo e seria reconhecido pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e por alguns países fantoches da América Latina", contou à Sputnik Mundo o filósofo cubano José Bell Lara.

US President Donald Trump prepares to sign an executive order cutting regulations, accompanied by small business leaders at the Oval Office of the White House in Washington US, January 30, 2017. - Sputnik Brasil
Trump decreta revisão de todas as políticas americanas em relação a Cuba
De acordo com Bell Lara, que também é professor de ciências filosóficas da Universidade de Havana, o ataque criou uma ameaça, que poderia ter anulado a Revolução. O cientista explicou que a Baía dos Porcos era um lugar estratégico da ilha porque tinha apenas dois acessos por terra que permitiria às tropas do inimigo neutralizar facilmente as tentativas do governo revolucionário — liderado por Fidel Castro — de defender o território.

"Enganaram-se completamente. Na véspera, tentaram destruir as recém-nascidas Forças Aéreas Cubanas da Revolução, bombardearam três aeroportos: em Havana, San Antonio de los Baños e Santiago de Cuba. Destruíram algumas aeronaves, mas não puderam eliminar completamente os poucos aviões que tinha Cuba", acrescentou Bell Lara.

Segundo ele, as tropas cubanas só puderam conter a ofensiva externa devido ao apoio massivo do povo e às ações dos guerrilheiros, que se atiraram para defender sua terra bombardeada. Segundo o professor universitário, foi também graças a esses guerrilheiros que puderam conter a difusão pelo território de Cuba dos grupos armados, "financiados pelos EUA" para desestabilizar a ilha.

"Entre 1961 e 1965, no país operaram 229 grupos armados alimentados pelos EUA e foi a coragem do povo que os derrotou um por um em todas as províncias do país", sublinhou Bell Lara.

Ele frisou que, naquele abril de 1961, as tropas de Fidel pararam a operação norte-americana em apenas 72 horas, mas que foram o povo cubano e a "Revolução Enraizada" quem venceu o embargo econômico imposto pelos EUA ao país caribenho durante 50 anos.

"Cuba poderia ter se tornado mais um país daqueles que giram em torno dos interesses norte-americanos, mas se manteve sozinho durante muito tempo perante um bloqueio extraordinário, demonstrando a força de seu povo… Uma vitória [norte-americana na invasão da Baía dos Porcos] teria sido um golpe muito violento para a Revolução, mas isso não quer dizer que ela teria sido combatida porque a resistência teria continuado por todo o país e teria sido prolongada", concluiu o especialista.

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала