A condenação da mulher de Cunha agora depende de análise e decisão do juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal em Curitiba. Consta ainda o pedido para que a ré comece a cumprir pena em regime fechado, dada a gravidade dos crimes cometidos, segundo os procuradores.
Cláudia Cruz é acusada pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. No processo em que é ré, consta que ela teria mantido recursos financeiros não declarados no exterior, mais precisamente na Suíça, onde havia uma conta em nome da offshore Köpek, ligada a Cunha.
Em sua defesa, a mulher de Cunha afirmou que não tinha conhecimento das movimentações financeiras. Contudo, os procuradores federais não acreditam nesta versão. Para o Ministério Público Federal (MPF), Cláudia Cruz era coautora na lavagem de dinheiro ao lado do marido.
“É claro que Cláudia Cruz, pessoa bem esclarecida, sempre teve conhecimento de que o salário de Eduardo Cunha, como servidor público, jamais seria capaz de manter o elevado padrão de vida por eles mantido”, diz trecho do documento, publicado pela revista Veja.
A Sputnik entrou em contato com o MPF do Paraná, que informou que a petição trata apenas da reafirmação das “acusações feitas no momento da denúncia”. “Não houve pedido de prisão. Simplesmente se trata das alegações finais apresentadas junto ao processo que tramita na JFPR [Justiça Federal do Paraná]”, informou, por meio da sua assessoria de imprensa.
No escritório dos advogados de Cláudia Cruz ninguém foi localizado para falar sobre o assunto.
Além do pedido de condenação e prisão, os procuradores querem que a Justiça Federal determine que Cláudia Cruz devolva US$ 2,3 milhões (cerca de R$ 7 milhões) aos cofres públicos. O valor corresponde ao que, de acordo com o MPF, Cunha recebeu em negócios ilícitos.
Compras
Na acusação constam ainda as compras de luxo feitas com cartões de crédito pela família de Cunha no exterior, para a aquisição de sapatos, bolsas e roupas de grifes badaladas.
“Quase a totalidade do dinheiro depositado na Köpek (99,7%) teve origem nas contas Triumph SP (US$ 1.050.000,00), Netherton (US$ 165 mil) e Orion SP (US$ 60 mil), todas pertencentes a Eduardo Cunha”, diz outro trecho da petição do MPF, publicado pelo G1.
Os recursos na conta de Cláudia Cruz foram utilizados, por exemplo, para pagar compras de luxo feitas com cartões de crédito no exterior de artigos de grife como bolsas, sapatos e roupas, ainda conforme o MPF.
Na mesma petição, o MPF também pede as condenações do empresário português Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira, do lobista João Augusto Rezende Henriques, e do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada. Como a mulher de Cunha, todos deveriam começar a cumprir suas penas em regime fechado, na opinião do MPF.
A expectativa é de que Moro anuncie a sua sentença no caso nas próximas semanas.
Recentemente, Eduardo Cunha foi condenado a 15 anos de prisão. Desde outubro de 2016 ele está preso em Curitiba, depois de uma série de pedidos de habeas corpus terem sido negadas a ele e seus advogados.