Para que Europa precisa tanto do mito da 'agressão russa'?

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Os serviços de segurança da Letônia publicaram recentemente um relatório sobre a segurança nacional em 2016 que inclui uma análise das possíveis ameaças para 2017. Como era de esperar, o documento destaca a "crescente agressão russa" como o principal risco para a segurança do país.

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O relatório, que tem uma extensão de 32 páginas, menciona a Rússia 410 vezes. O paradoxo está em que a própria Letônia é citada menos vezes, mais precisamente 368. Há que lembrar que, atualmente, não há nenhum conflito aberto entre Moscou e Riga.

O relatório prevê que a tensão não diminuirá durante 2017 e, por isso, recomenda que a Letônia aumente as suas capacidades de defesa, incluindo os gastos militares.

Este caso lança uma luz sobre a atitude que os países ocidentais têm em relação a Moscou e explica "por que a Europa e os Estados Unidos perdem o juízo diante de uma possível agressão russa e da necessidade de neutralizá-la", escreve Viktor Marakovsky, observador da Sputnik.

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Outro exemplo claro dessa crescente paranoia antirrusa ocorreu na Lituânia, país vizinho da Letônia. No início de abril, as forças de segurança da Lituânia tomaram parte de alguns exercícios onde se ensaiou uma invasão. Os exercícios consistiam de uma série de invasões em que os "militares russos" capturaram objetivos importantes. Como informaram os organizadores dos treinamentos, as forças de segurança falharam o treinamento e os moradores locais nem sequer prestaram atenção à presença dos homens vestidos de camuflagem sem símbolos de identificação.

As autoridades do país ficaram decepcionadas, uma vez que a população ignorou os exercícios. O objetivo, de fato, era sensibilizar os lituanos sobre a possibilidade de uma invasão russa.

"O caso dos Países Bálticos é anedótico, mas típico. Coisas semelhantes acontecem em outros países europeus", escreve Marakhovsky.

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Em particular, a Polônia tem vindo a aumentar seu orçamento de defesa a partir de 2014. No final de março passado, o ministro da Defesa, Antoni Macierewicz, anunciou que o país irá assinar um acordo para compra de oito sistemas de mísseis terra-ar americanos Patriot até o final de 2017. O custo estimado dos equipamentos é de cerca de 9 bilhões de dólares.

O orçamento militar da Alemanha também vai aumentando progressivamente, ano após ano. O gasto da Alemanha teve um aumento de cerca de 2,7 bilhões de dólares em comparação com período anterior ao agravamento das relações entre a Rússia e o Ocidente.

No fim de 2016, Suécia repôs a sua presença em Gotland, sua maior ilha no mar Báltico. O ponto geográfico havia sido descrito anteriormente como uma "porta de entrada para a agressão russa". Em março, o comandante supremo das Forças Armadas suecas, Micael Byden, declarou que exército precisa de 718 milhões de dólares adicionais para melhorar as capacidades militares do país nos próximos anos.

O analista russo salienta que todos na Europa estão obcecados com a ideia da suposta "ameaça russa". "Proteger" de uma agressão imaginária de tanques e espiões russos é uma ótima desculpa para pedir mais dinheiro.

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No entanto, ninguém se pergunta: "Por que a Rússia deve invadir a Suécia, onde não há nem cidadãos russos, nem uma frota russa; ou a Polônia, onde em breve até as sepulturas russas irão desaparecer."

Está na moda pensar: "Hoje — a Crimeia, amanhã — a Polônia" e todo mundo segue esta orientação, sublinha o analista.

"Ninguém está interessado na realidade, exceto na realidade financeira", concluiu Marakhovsky.

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