O Professor Gustavo Heck falou com exclusividade à Sputnik Brasil, destacando a importância da iniciativa da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado.
"[No evento] foi bem marcado se nós estaríamos diante de um momento em que vamos erguer barreiras ou se vamos criar pontes", comentou Heck. "A proposta do Presidente Vladimir Putin é muito clara, é uma proposta de consolidar a posição da Rússia como uma potência mundial. Evidentemente que a proposta de Putin tem um rebatimento um pouco no bloqueio que a OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] começou a fazer, na medida em que ela foi trazendo para o seu alinhamento alguns países que compunham o antigo Pacto de Varsóvia. Então, quando Putin dá início a esse processo [afirmar a Rússia como potência mundial], ele está extremamente preocupado com o cerco que a OTAN foi fazendo, agregando esses países, até culminar com o episódio da Ucrânia."
O presidente da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra explica seu raciocínio:
"Por quê? Porque a Ucrânia tem uma população eminentemente russa, falante do idioma russo, e possui também uma forte base industrial. Por isso que, quando a Europa [a União Europeia] tentou atrair a Ucrânia – e, por debaixo dos panos, também a OTAN–, houve a reação da Rússia. Os dois países possuem uma ligação muito forte: a Rússia precisa da Ucrânia e a Ucrânia precisa da Rússia."
Também falando com exclusividade para a Sputnik, a Professora Lenina Pomeranz, que está prestes a lançar um livro sobre a transição do socialismo soviético para o capitalismo russo, destacou:
"A posição da Rússia na geopolítica internacional é muito importante. A Rússia é um dos atores principais, e eu vejo hoje o mundo num processo de transformação muito grande, com muitas incógnitas. Nós não sabemos para onde caminhamos, e nesse contexto nós temos a Rússia como um player, um jogador importantíssimo. A Rússia quer respeito, respeito mútuo, e que não haja interferências nas questões internas dos países, que sejam respeitadas as leis e as relações internacionais. Enfim, a Rússia se coloca como um ator que defende a participação de todos sem interferências, e eu acho que ela caminha nessa direção."
Lenina Pomeranz conclui: "Em relação ao Brasil, creio que vão prosseguir bem as boas relações que o país mantém com a Rússia, independentemente das posições vigentes no Ministério das Relações Exteriores do Brasil, de que o país deve intensificar seu relacionamento com os Estados Unidos. E eu também não creio que esta maior aproximação vá causar qualquer problema para o país no âmbito dos BRICS. A Rússia, como disse, respeita a soberania de cada país."