"Desejo olhar para o Japão ao menos com um olho. Queria observar como se alterou a minha pátria, como é que vive o meu povo hoje em dia. E o processo como floresce a sakura [cerejeira]. Para mim é como a bétula branca para um russo. É mais do que uma arvore ou um símbolo. É uma coisa sacral que está ligada ao clã, à história, às origens", comunicou ao semanário Argumenty i Fakty Tanaka Akio.
Ele nasceu em 1927 na cidade de Ebetsu, província de Hokkaido. Quando tinha 17 anos, ele entrou para o Exército de Guangdong (grupo de exércitos do Exército Imperial Japonês, no início do século XX). Na frente, ele revelou coragem e foi promovido a sargento e condecorado com a Estrela de Ouro. Em 1944, ele perdeu um olho e em 1945 foi feito prisioneiro pelo Exército Soviético e enviado da China para a cidade de Khabarovsk.
Officially, Japan and Russia are still at war https://t.co/fFEc7diBVw
— The Economist (@TheEconomist) 27 de abril de 2017
Ele passou 10 anos no campo de prisioneiros de guerra № 16 trabalhando junto com os outros prisioneiros. Segundo ele, os prisioneiros eram bem tratados e alimentados a tempo. Quando se iniciou o processo de libertação dos prisioneiros, os soldados se dirigiram para o Japão, mas os comandantes permaneceram na Rússia porque estavam convencidos que seriam executados como traidores.
Após a libertação, ele se deslocou para Vladivostok, onde recebeu o passaporte soviético e mudou de nome para Pyotr em vez de Akio. Ele se formou como motorista e começou a trabalhar no navio de passageiros a vapor Ivan Kulibin. Nos meados dos anos de 1960, ele se mudou para a região de São Petersburgo e começou trabalhando para a fazenda estatal Fyodorovskoie. Após 18 anos de trabalho, ele se aposentou.
"Nos anos 70, fui a São Petersburgo, ao consulado geral do Japão, e compartilhei minha história. Eles enviaram uma inquirição para o Japão. Se descobriu que meu pai já tinha morrido há muito e a irmã não me respondeu. É possível que ela me continue considerando como traidor e não consegue me desculpar. Segundo a tradição, toda a família de um traidor fica desonrada", acrescentou ele.
Agora, passados mais de 70 anos desde a Segunda Guerra Mundial e nas vésperas do seu 90º aniversário, ele sonha visitar sua pátria. O Consulado do Japão tenta encontrar seus parentes no Japão e as organizações filantrópicas locais começaram recolhendo fundos para a sua viagem.