O confronto ocorrido no último fim de semana no município de Viana, cerca de 250 km de São Luís, deixou vários feridos. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), mais de dez índios foram atacados com golpes de facão e pauladas e dois tiveram as mãos decepadas. Já o governo do Maranhão informa que foram sete feridos, sendo cinco índios e nega a versão das mãos decepadas, afirmando que, na verdade, um dos indígenas teve fratura exposta nas mãos. Ele foi operado e continua internado.
De acordo com o presidente da Comissão da OAB no Maranhão, Rafael Silva, os índios estão aguardando o resultado de processos que estão correndo na justiça e que podem garantir a retomada das terras. A demora nas decisões judiciais tem levado os indígenas a ocuparem sozinhos essas regiões.
Rafael Silva espera que a Anistia Internacional cobre do governo brasileiro mais agilidade no andamento dos processos administrativos e alerta que sem a demarcação das áreas no estado, coloca em risco a segurança dos índios. "O povo indígena Gamela está lutando para efetivar a previsão constitucional de demarcação das terras indígenas e para que haja condições de segurança para o povo indígena Gamela."
O conflito do fim de semana é visto por Rafael Silva como um verdadeiro massacre aos índios. "Não foi um conflito foi um ataque. Foi uma tentativa de massacre. É bom deixar isso claro."
O indígena Francisco Jansen Gamela, que foi uma das vítimas, falou sobre a importância das terras daquela região para perpetuar a história e a cultura do seu povo. "O nosso documento de Terra é a memória e a lembrança que temos. São o nosso bisavô, avô, pai e mãe demarcaram com os próprios pés. Esses são os documentos que temos, além da nossa cultura que nunca deixamos que apagassem."
Além da OAB, a Fundação Nacional do Índio (Funai) também criou um comitê de crise para acompanhar de perto os desdobramentos do conflito. A comitiva vai elaborar um relatório sobre a real situação da disputa agrária na região.
O Ministério da Justiça também informou que enviou a Polícia Federal ao povoado de Bahias, para evitar novos conflitos e ofereceu ajuda para a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão para investigar o caso.