A dirigente estudantil, que concedeu entrevista à Sputnik no Acre, onde está fazendo trabalho de base, comenta as duas estratégias que estão sendo discutidas no diretório nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) para dar continuidade às manifestações deflagradas na greve geral de 28 de abril, que atraiu milhões de brasileiros contra as medidas propostas pelo governo. Na visão de Carina, nem todos poderiam atender à convocação de uma marcha de 100 mil pessoas a Brasília, mas a manifestação poderia ser reforçada com uma nova paralisação em todo o país.
"As últimas manifestações têm mostrado que a população tem aderido a essa pauta. A reforma da Previdência não é uma pauta só da esquerda, da CUT ou do PT. É uma pauta que atinge a sociedade como um todo. Ninguém quer ter o futuro prejudicado, em especial a juventude. Muitos setores têm se incorporado às mobilizações. As duas opções são ótimas, se conseguissemos fazer uma greve geral e uma grande marcha para Brasília. Nada é impossível. Se os secundaristas conseguiram ocupar mais de mil escolas, a gente consegue fazer uma greve geral com a grande marcha até Brasília", diz Camila.
A última pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada no último dia 30, revela que 89%dos entrevistados em todas as regiões do Brasil reprovam a atuação do presidente Michel Temer e 71% são contrários à reforma da Previdência. Para a presidente da UBES, é preciso, antes de mais nada, questionar o papel que esses senadores têm no Congresso.
"Eles estão lá para representar a população que votou para que eles estivessem lá ou eles estão lá a mando de um projeto particular deles? Sobre o governo ilegítimo de Michel Temer não surpreende que não escute a população e queira atropelar tudo com essas reformas. É muito triste isso. Infelizmente, a gente vê mais uma demonstração de como um governo como o do Temer vai totalmente contra à necessidade da população", diz Carina, que se mostra indignada com a proposta que está para ser apresentada por alguns parlamentares de que os trabalhadores rurais deixem de receber salário em troca de comida e moradia. "Isso é trabalho escravo!", dispara.
A dirigente manda um recado para os parlamentares que "estão rindo na cara da população" e dizendo que "não importa quanto as pessoas vão para a rua, pois as reformas vão passar":
"Nosso voto é importante e temos que nos conscientizar. Fica a lição para o país e para eles. Se eles acham que, se aprovarem essas medidas, eles vão ficar tranquilos e vão se reeleger, estão bem errados, porque a população tem se manifestado totalmente contra e a cada dia mais e mais pessoas têm ido às ruas, pessoas que não são ligadas a nenhum movimento, trabalhadores comuns que não ligação com movimentos políticos, mas que compreendem o risco que é a aprovação da reforma trabalhista, da reforma da Previdência, a terceirização e todas essas formas que o Temer tem colocado", finaliza a presidente da UBES.