“Nossa tarefa é intensa e vai impor uma construção de uma maioria forte, de mudanças, que é o que o país espera e aspira. O que espero de vocês dentro de seis semanas”, afirmou Macron, em discurso aos seus eleitores na noite deste domingo, próximo ao Museu do Louvre, em Paris.
Horas mais cedo, logo após a adversária Marine Le Pen reconhecer a derrota, Macron declarou que lutará “com todas as forças contra as divisões que minando o país”, apontando ainda ter percebido “medo, ansiedade e dúvidas” em muitos eleitores.
Favorável ao euro e aos fortalecimento da União Europeia, Macron é, aos 39 anos, o líder mais jovem da França desde Napoleão Bonaparte (que reinou com 35 anos entre 1804 e 1814). Ele apareceu logo no início da apuração com uma margem entre 65% e 66% da preferência, o que corresponde a três em cada cinco franceses que optaram por algum dos dois candidatos.
Já Le Pen figurou com a preferência em uma faixa entre 33,9% e 35% dos votos.
Macron foi felicitado por líderes internacionais, como a primeira-ministra alemã Angela Merkel e o presidente norte-americano Donald Trump – este nutria maior simpatia por Le Pen, mas louvou a “grande vitória” do centrista e disse aguardar para trabalharem juntos.
Congratulations to Emmanuel Macron on his big win today as the next President of France. I look very much forward to working with him!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 7 de maio de 2017
O presidente brasileiro Michel Temer também felicitou Macron pelo triunfo, que deve ser oficializado nesta segunda-feira. No mesmo dia está previsto um evento de Macron ao lado do atual presidente, o socialista François Hollande, em Paris.
Felicito @EmmanuelMacron pela vitória nas eleições para Presidente da França.
— Michel Temer (@MichelTemer) 7 de maio de 2017
.@EmmanuelMacron Brasil e França continuarão a trabalhar juntos em favor da democracia, dos direitos humanos, do desenvolvimento, da integração e da paz.
— Michel Temer (@MichelTemer) 7 de maio de 2017
Recado para o mundo
Macron afirmou ainda em seu discurso estar comprometido com a paz e estabilidade do mundo. “Apelo, em seu nome, às nações mundiais. Eu digo aos seus líderes que a França tratará de maneira cuidadosa a paz, o equilíbrio entre potências mundiais, e cooperação internacional”, comentou.
“Vou restabelecer a ligação entre a Europa e as pessoas que vivem nela, entre a Europa e os seus cidadãos”, emendou.
Uma das primeiras iniciativas de Macron será ir a Berlim para um encontro com Merkel. O centrista defende o fortalecimento da UE, mas afirma que é preciso investir em reformas em prol de um maior equilíbrio e competitividade dentro do bloco.
Reformas, aliás, Macron tentará passar dentro do seu próprio país. E enfrentará uma forte resistência, a começar pela tradicional esquerda francesa. O candidato derrotado no primeiro turno Jean-Luc Melenchon avaliou que Macron planeja uma guerra contra o sistema social do país.
“O programa do novo presidente monarquista é conhecido. É uma guerra contra o sistema social francês, uma irresponsabilidade ecológica”, afirmou Melenchon logo após o discurso de Macron.
Nesta segunda-feira, os maiores sindicatos do país prometem fazer protestos pelo país em prol dos “cidadãos que querem ser ouvidos” e contra a agenda “liberal” já prometidas por Macron ao longo da sua campanha presidencial.
Desafios internos
As próximas semanas devem ser agitadas para Macron também na busca por apoio para as eleições legislativas de junho. A formação de uma ampla base de apoio será difícil em razão da fragmentação do país, mas é necessária para os planos do novo presidente.
Isso não impediu, porém, que 4,1 milhões de eleitores votassem em branco, o mais alto número em 40 anos nas eleições francesas.
Ou seja: a desconfiança com a classe política continua viva na França e pode ter impacto no pleito legislativo.