O projeto de lei com novas medidas restritivas relacionadas com o programa nuclear norte-coreano prevê, entre outras coisas, um "controle especial" por parte dos EUA dos portos marítimos de vários países, entre os quais os portos do Extremo Oriente russo de Vladivostok, Nakhodka e Vanino.
Não obstante, nenhuma nação do mundo, nem organização internacional, autorizam os EUA a controlar o cumprimento das resoluções adoptadas pelo Conselho de Segurança da ONU através de ações policiais ou outros métodos.
"O projeto de lei do Congresso americano põe em causa a atividade econômica internacional, a soberania da Rússia, mas sobretudo — a sanidade mental dos autores do documento", acredita Khrolenko.
Os obstáculos para controle americano
Os EUA têm a intenção de controlar quais os navios que chegam à Rússia e aos outros países — tais como a China, a Síria e o Irã — e quais as mercadorias que são transportadas para os portos norte-coreanos, assinala o jornalista.
De acordo com o documento, os EUA proibirão também a todos os países do mundo contratar cidadãos norte-coreanos, que poderiam acabar financiando o desenvolvimento de programas nucleares através de um emprego no estrangeiro.
Não é de estranhar que a iniciativa dos EUA tenha causado indignação na Rússia, sublinha o colunista.
"Espero que este projeto de lei nunca seja implementado, sendo que sua aplicação significaria o desenvolvimento de uma estratégia de força, de inspeções forçadas de todos os navios por parte da Marinha dos EUA. Esta estratégia de força não tem sentido, porque implicaria uma declaração de guerra", comenta Konstantin Kosachev, chefe do Comitê Internacional do Conselho da Federação (Senado) russo.
Entretanto, uma coisa é querer e outra é poder, destaca Khrolenko. Washington não pode controlar nem todos os portos, nem a atividade econômica dos Estados independentes, podendo só observar as atividades portuárias do Extremo Oriente russo à distância, explica o colunista.
As informações sobre o movimento marítimo através dos portos russos são confidenciais e podem ser entregues a outro Estado somente após a aprovação prévia por parte das autoridades competentes. De outra forma, isso implicaria a revelação de segredos comerciais, segredos de Estado, ou seja, espionagem, com a consequente responsabilidade penal.
No entanto, Washington é capaz de obter as informações de maneira independente, utilizando os meios de inteligência espacial ao seu alcance, o "hackeamento" da base de dados dos portos, ou através da ajuda dos agentes locais. Também pode inspecionar os navios quanto estes se encontram em águas internacionais.
"Tudo é possível, mas tendo em conta o volume total do trânsito marítimo e as capacidades das forças navais dos países mencionados anteriormente, o controle se converte em uma atividade ingrata e perigosa", adverte Khrolenko.
Por que a Rússia aposta na nova linha marítima com a Coreia do Norte?
A abertura de uma linha de carga e de passageiros desde Rajin até Vladivostok é uma medida que se enquadra nas políticas do Governo russo de desenvolvimento social e econômico do Extremo Oriente.
A introdução do regime de porto franco em Vladivostok contribui para o afluxo de turistas estrangeiros. O turismo e os contatos econômicos, por sua vez, são importantes na hora de criar um clima favorável de investimentos, explica o autor.