Essas explosões secundárias, de acordo com os militares norte-americanos, provocaram o desabamento do edifício e a morte de mais de 100 pessoas, no que foi provavelmente a maior perda de vidas civis desde o início dos bombardeios contra o Daesh no Iraque, em 2014.
O general da Força Aérea dos Estados Unidos, Matthew Isler, foi o responsável pela investigação. Segundo ele, 101 pessoas morreram durante o desabamento e mais quatro em um edifício próximo. Além disso, 36 civis continuam desaparecidos.
O Pentágono revelou que os investigadores militares liderados por Isler visitaram o local do ataque aéreo em duas ocasiões, conversaram com testemunhas e analisaram mais de 700 vídeos feitos por aeronaves da coalizão 10 dias antes e 10 dias depois do incidente.
"Esta investigação parece mais uma tentativa de transferir a culpa para o Daesh. [Com os EUA dizendo:] Não é culpa nossa que todas essas pessoas morreram quando a nossa bomba atingiu o prédio, é tudo culpa do Daesh por estar com essas pessoas lá na qualidade de escudo humano", disse Murad Gazdiev, correspondente de guerra da emissora RT, que estava em Mosul no momento do ataque aéreo.
Segundo Gazdiev, após o ataque, os militares iraquianos criaram um "bloqueio de informações" sobre o incidente. Jornalistas não eram permitidos "em qualquer lugar perto da área" do desabamento. Um vídeo das conseqüências do ataque foi lançado pela AP somente uma semana depois.
"Acidentes acontecem, mas também devemos ter em mente que esta não é a primeira vez que os americanos cometem tais atos", disse Ali Rizk, especialista em assuntos do Oriente Médio, em entrevista à RT.
"Nós sempre ouvimos os americanos falarem de 'danos colaterais'. Há um completo desprezo pela vida humana na forma como os americanos conduzem a guerra", lamentou o especialista, acrescentando que um incidente semelhante ocorreu no Afeganistão, também durante um ataque norte-americano. "Não dá para ficar repetindo esses erros", concluiu.