O cientista político destaca que a lógica do atual presidente americano de eleger para sua primeira visita internacional tais países como a Arábia Saudita, o Vaticano, a Bélgica e a Itália segue sendo um mistério não somente para os observadores estrangeiros, mas também para os especialistas americanos, já que difere muito dos seus antecessores.
Desde sua chegada à Arábia Saudita, se pode dizer que o espetáculo de política interior acaba e começa um sério jogo geopolítico, opina Lepyokhin: "Trump é aquele sujeito que porta nas suas mãos um baralho de cartas e que tem a possibilidade de distribuir as cartas de modo como quiser. É o que ele está fazendo agora".
Do ponto de vista do analista, o discurso que Trump pronunciou na sede da OTAN, no qual qualificou a Rússia como uma ameaça para o bloco militar, teve um caráter formal. Donald Trump somente disse em voz alta aquilo que os funcionários da Aliança Atlântica queriam ouvir dele. Com tudo isso, o presidente americano exigiu aos países-membros que cumprissem seus compromissos financeiros.
"Suponho que os encontros de Trump com os responsáveis da Aliança Atlântica e com o Papa Francisco foram uma espécie de substituto dos encontros com os líderes dos países europeus. Estou convencido de que o presidente dos EUA não vê sentido em se encontrar com os políticos europeus, que são incapazes de chegar a um acordo entre si. Atualmente eles estão fora do discurso de política exterior no qual Trump se encontra", afirmou.
O cientista político destaca que Trump quer subordinar os clãs da Arábia Saudita para que eles sirvam aos interesses dos EUA, de acordo com sua nova versão de geopolítica, no âmbito da qual o jogador mais influente no Oriente Médio deveria ser Israel, embora Riad desempenhe o papel de retaguarda ou de base principal de recursos.
"Quanto às perspectivas da OTAN, Trump vê o bloco militar como algo fungível, descartável, já que o Departamento de Estado dos EUA poderia substituir ao menos uma parte dos militares americanos no Oriente Médio. Se os países membros da OTAN não fossem capazes de combater pelos valores ocidentais contra o Irã, o Hezbollah, a Al-Qaeda, o Talibã ou qualquer outro país que EUA indiquem, que sentido teria para Washington manter esta maquinaria?", se pergunta Lepyokhin.
Trump não quer demonstrar à Europa que o mundo é liderado pelos EUA. Não lhe importam os interesses dos funcionários do Departamento de Estado e os das corporações oligárquicas. Está mais preocupado em desmantelar a ordem antiquada e introduzir uma nova, concluiu o cientista político.