Para garantir o sucesso do evento, o governo deslocou grande parte de seu primeiro escalão para passar uma mensagem de otimismo e confiança de que a economia brasileira voltou crescer, as reformas trabalhista e da Previdência estão andando no Congresso, e que o governo continua a tomar todas as ações necessárias para garantir a retomada do desenvolvimento.
O diretor da RC Consultores concorda que a agenda é positiva, mas ainda há muito a ser feito. Ele observa que o Brasil passa por uma crise política e que esse talvez não seja o momento mais adequado para tomada de decisão, em especial quanto a investimentos elevados que, em alguma hora, retornarão.
Do ponto de vista da política cambial, Valter lembra que em todo momento de crise o real fica mais desvalorizado em relação a outras moedas, em especial ao dólar, mas isso pode mudar. Em sua visão, este não é o principal parâmetro que vai nortear as decisões dos investidores internacionais. Segundo ele, se a crise se resolver de uma maneira mais rápida, a tendência é que o câmbio volte para o nível que estava.
"A liquidez mundial ainda é muito elevada, e você tem taxas de juros no mundo civilizado, que não é o caso do Brasil, você busca rentabilizar seu dinheiro e procura investimentos, e o Brasil é um candidato e sempre será. Estamos passando por um momento em que ele não é tão visado para investimento. A China está procurando diversificar os investimentos fora e procura setores não só no Brasil como em outros lugares. Na Europa, ela está investindo bastante em Portugal na área de energia e na imobiliária", exemplifica o especialista, citando o projeto do Novo Caminho da Seda, que vem se desenvolvendo como nova proposta de globalização no vácuo que está sendo deixado pela política comercial do presidente americano Donald Trump, que se foca cada vez mais para o mercado interno dos EUA.
José Valter cita ainda a constituição de um fundo de investimento que está sendo montado entre Brasil e China, no valor de US$ 20 bilhões, voltado para projetos de infraestrutura e logística de portos, ferrovias e rodovias, como forma de assegurar o envio de commodities como soja e minério de ferro à China.
"Temos uma deficiência imensa na infraestrutura. É só ver o que não anda. Lá em Mato Grosso, temos aquela ferrovia que não sai do lugar. A China está procurando ocupar esse espaço aqui. Na área de infraestrutura, onde você vai precisar de grandes empreiteiras — as daqui estão bastante comprometidas financeiramente. É possível até que eles utilizem algum tipo de associação, compra ou até abrir consórcios internacionais. Agora mesmo a gente ouve falar de que a JBS quer vender a Alpargatas, a Vigor. Então você tem espaço. Se é o melhor momento, acredito que não seja, mas acredito que os investidores estão atentos para, em melhor momento, investirem", finaliza José Valter.