Apenas no decorrer da semana passada, o fluxo dos fundos somou 760 milhões de dólares, o que constitui a meta máxima para os últimos cinco anos.
A queda brusca das ações das maiores empresas brasileiras gerou verdadeira agitação no mercado: por exemplo, as ações do maior banco estatal Banco do Brasil desvalorizaram em 25%, enquanto as da Petrobras diminuíram 19%. Em uma conversa com o serviço russo da Rádio Sputnik, o especialista sênior da agência de análise financeira e econômica Finek, Mikhail Belyaev, comentou o assunto e explicou tal compostura dos agentes econômicos no quadro da situação.
Foi isso que está agora acontecendo na bolsa brasileira, tanto mais que "se trata de números aterrorizantes como 42%, 25% e 19% e, sendo que as pessoas jogam na bolsa mesmo com variações de apenas vários por cento, ou até menos de um por cento, os números existentes podem gerar o apetite de qualquer investidor".
"Também há que tomar em consideração a história brasileira, sendo que ao longo de 12 anos, de 2000 a 2012, os brasileiros tinham ritmos de crescimento do PIB de 5%. Em 2012, ocuparam o 6º lugar no respectivo ranking, ultrapassando até nós [a Rússia]. O país possui indústria avançada: empresas petrolíferas, mineiras, grandes bancos, de aço, que integram listas de Top-100 e Top-50 das maiores empresas no mundo", observou o economista.
Em seguida, Belyaev afirmou que se espera uma restauração dos ritmos de crescimento após a crise grave de hoje, o que incentiva os investidores a comprarem mais.
"Em 2016, por exemplo, o PIB caiu 3,6%, em 2015 a queda foi de 3,8%, mas já no ano corrente se prevê um crescimento mínimo", explicou, adiantando que isto é considerado pelos compradores como estando para breve a hipótese de saída da crise. "Há uma regra comum dos brokers: se despenca, compra", acrescentou.
O especialista observou que os "otimistas" contam com que o crescimento no ano corrente atinja vários pontos percentuais, enquanto no ano que vem ele pode somar em 4%, sendo que os "pessimistas" contam com 2%.
"Quando as empresas surgem, eles emitem ações, ou seja, elas entram no mercado pela primeira vez ao venderem. Neste caso, elas ganham dinheiro. Já depois, se trava o comércio dos pacotes comparados, o que têm a ver com os investidores, ou seja, aqueles que investem não nas empresas, mas nas ações. A empresa, neste caso, não ganha nada", observou.
Neste caso, como se pode salvar a economia brasileira, e particularmente as empresas nacionais? Claro que, primeiramente, a situação na economia está intrinsecamente ligada às brigas políticas, enfatiza o economista.
"O problema é que no ano passado houve uma queda de investimentos bem grande, isto é, de 14%, e da indústria em 8%, ou seja, há uma crise real, com altos índices de desemprego e inflação. Entretanto, as empresas se recuperam quando há apoio e assistência por parte do Estado, por via de certas políticas. No Brasil, há de reconhecer, não é nada fácil iniciar seu negócio, pois apenas na esfera tributária há 16 tipos de impostos", explicou.
"Entretanto, eu caracterizo a economia como uma ‘luta coletiva pela vida'. Ninguém quer morrer, nem um indivíduo concreto nem uma empresa concreta. Elas estarão buscando várias reservas, vários recursos, atraindo investimentos, para se salvarem disso. E claro que o Estado, que hoje em dia está mergulhado em uma batalha política [tem de ajudar]", realçou Belyaev.