"Trata-se do descrédito em relação ao governo e de distorção de fatos sobre corrupção e eleições desonestas. Estes dois elementos são cruciais, já que se usam para gerar descontentamento entre a população", afirmou o diplomata.
De acordo com o chefe da missão diplomática venezuelana, as revoluções coloridas se tornaram realidade no mundo atual.
Segundo as palavras de Faría Tortosa, o plano de ação dentro da Venezuela é o mesmo, "desacreditar o governo, criar sistemas de informações que distorçam totalmente aquilo que se passa no país e, deste modo, preparar o terreno para uma intervenção e financiamento dos grupos extremistas".
"Nós nos damos conta que isso se passa hoje em dia na Síria", realçou.
O diplomata enfatizou que na Venezuela este plano é orientado, principalmente, para o ataque econômico, o que constitui uma diferença significativa das outras revoluções coloridas.
"Eles tentaram penetrar nos assuntos internos, sendo apoiados pelas forças imperialistas de fora e se aproveitando de dois fatores: o falecimento do comandante Chávez e uma queda brusca dos preços do petróleo, do qual nós dependemos", afirmou.
O representante da Embaixada sublinhou que a queda dos preços do petróleo não tem que ver com a questão econômica.
"Estas decisões são tomadas pelos principais atores no mundo energético, tais como os EUA e a Arábia Saudita. Mas quais são os países afetados por esta queda? A Rússia, que em grande parte depende do petróleo, mas que conseguiu encontrar saídas econômicas bem-sucedidas. O Irã, que também depende do petróleo e está sujeito a um bloqueio econômico duro", comentou.
"No nosso caso, por muitos anos não foram tomados passos neste sentido. Devemos nos dar conta que a nossa revolução tem apenas 18 anos. Alguns dizem que isto é muito, mas para realizar as transformações econômicas e estruturais são precisos anos e muitos recursos. Tudo isto está nos nossos planos para desenvolver os ramos da nossa economia mais importantes do ponto de vista estratégico", explicou.
Por outro lado, a rede de distribuição dos alimentos e medicamentos tem sido objeto de ataques.
"Vimos como este plano bem elaborado levou a que os nossos produtos são levados do nosso país, principalmente para a Colômbia. Este contrabando passa por vários canais e agrupamentos criminosos criados para a realização deste plano", afirmou Faría Tortosa.
Além disso, afirma o diplomata, são travados ataques contra a moeda venezuelana.
"Eles pegaram o instrumento principal de transações no nosso país, o bolívar, e também o levaram do nosso país. Fomos colocados em uma situação complicada nos finais do ano passado. Toneladas de cédulas do valor nominal máximo na época, de 100 bolívares, foram achadas no Brasil, na Colômbia, até em alguns países fora do continente, na Europa. Isso trouxe um grande prejuízo."
"Quem não ficaria incomodado por não haver bolívares para comprar algo no supermercado? Quem não ficaria alarmado por não conseguir comprar produtos?", se perguntou.
"Tudo isso prepara o terreno para uma revolução colorida. O próximo passo é propaganda, tensões na rua, atos extremistas como aqueles que já evidenciamos: os da direita venezuelana queimando propriedade privada, atacando os ativistas chavistas, nossos apoiadores, e os assassinando", resumiu Faría Tortosa.