Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o psiquiatra Bruno Reys exaltou a consistência do estudo britânico (que ouviu 1.479 jovens) e avaliou que, mais do que ponderar a respeito da frequência do uso de redes sociais pela juventude, é necessário tentar entender o fenômeno e seus impactos.
“Interessante dizer que a pesquisa demonstra que existe uma relação entre o mal-estar psíquico e a frequência excessiva no número de horas que os jovens passam nas redes sociais. Temos que pensar também que as pessoas que dedicam horas às redes sociais podem ter um problema pré-existente, deixando de lado atividades importantes”, disse.
O levantamento britânico considerou as redes sociais mais conhecidas e mensurou o impacto delas em temas como ansiedade, depressão, solidão, bullying e imagem corporal. As piores notas ficaram com o Instagram e o Snapchat. Na outra ponta apareceram YouTube, Twitter e Facebook.
Para Reys, não é por acaso que duas redes sociais que lidam tão diretamente com a imagem estejam no topo da classificação como as com pior impacto psicológico entre os jovens.
“Me parece que parte do sofrimento diz respeito a uma certa comparação que as pessoas fazem entre si. As pessoas estão se comparando excessivamente, com fotos retocadas. Seria isso um indicativo de que a imagem que ela vê não corresponde com o que a pessoa deseja”, analisou o psiquiatra.
Nas suas conclusões, a pesquisa da RSPH fez sugestões para tornar as redes sociais um ambiente mais seguro para os seus usuários, principalmente os mais jovens. Uma das ideias é que as plataformas avisem, por meio de um pop-up, quando do uso excessivo das redes sociais.
Outro aspecto mencionado pelos pesquisadores é a necessidade pela busca por mecanismos que ajudem a identificar pessoas com problemas de saúde mental. Educar a juventude para o uso responsável das redes sociais também é um elemento a ser considerado, de acordo com o estudo.
O psiquiatra Bruno Reys concorda com a avaliação e defende que não se perca de vista o fato de que cada jovem é singular, assim como as suas respostas. Assim, é preciso avaliar caso a caso todo e qualquer problema comportamental, envolva ele ou não as redes sociais.
“A adolescência é um período em que o jovem quer se afirmar e tem dificuldades. Dito isso, não sei se o problema seja a rede social, ou o fato do adolescente usá-las como compensação […]. O uso excessivo não é o problema em si, mas há aspectos como o bullying que potencializam muito e podem ter muita repercussão”, concluiu.